Nos últimos anos, uma informação falsa sobre as barras coloridas nas caixas de leite tem viralizado de forma recorrente. Alguns conteúdos da internet dizem que essas barras coloridas significam que o leite da caixa é um produto vencido, que está sendo reutilizado pelo mercado.
Essa é uma informação falsa! As barrinhas coloridas na caixa do leite não têm nada a ver com o conteúdo dentro da embalagem. Na verdade, barras coloridas no leite servem como parâmetro para o teste de cor da embalagem, sendo usada como controle de qualidade da impressão.
O que significam as barras coloridas na caixa de leite?
Quem trabalha com design sabe que nem sempre as cores planejadas no software de criação são exatamente iguais às impressas na embalagem. Essas variações acontecem com bastante frequência, mas geralmente elas podem ser corrigidas alterando algumas configurações da bobina.
Dessa forma, as barrinhas coloridas na caixa de leite servem como um teste, para ter certeza de que o resultado da impressão é exatamente o que se espera. Além disso, as barras são um controle de qualidade, servindo como parâmetro para que todas as embalagens sejam iguais.
Uma nota publicada em 2018 pela Tetra Pak, empresa que caixas de leite, se defende das acusações, falando que nem o leite, nem a embalagem são reaproveitadas.
A empresa também explica que uma mesma bobina imprime muitas embalagens e, por isso, não é preciso fazer o teste de cor em todas as caixas, sendo possível encontrar no mercado caixas com ou sem essas barras coloridas. Por último, a empresa diz respeitar a legislação vigente para embalagens de alimentos e bebidas.
Por causa disso, a empresa passou a colocar “Teste de Cor” nas caixas de leite, para que as pessoas não mais caíssem na fake news de que aquele leite estaria vencido ou estaria sendo reaproveitado.

Barra colorida com indicação de teste de cores. Foto: Docnix
O que diz a legislação sobre embalagens de alimentos e bebidas?
No Brasil, a Anvisa é o órgão responsável por regular, fiscalizar e controlar a produção de embalagens de alimentos e bebidas. Nesse sentido, ela possui 3 resoluções principais que tratam sobre as especificações e requisitos para a fabricação e distribuição desse tipo de embalagens, são elas:
- RDC Nº 91/2001: trata dos critérios gerais para embalagens e equipamentos em contato com alimentos.
- RDC Nº 429/2020: define as especificações obrigatórias para a rotulagem nutricional dos alimentos embalados.
Além dessas duas, a Anvisa possui outras resoluções secundárias para tratar da produção de embalagens de forma mais específica. Por exemplo: algumas resoluções determinam os requisitos próprios para embalagens plásticas, outras para embalagens de vidros e outras para embalagens de metal.
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Os critérios gerais da RDC N° 91/2001, a resolução mais ampla quando se fala em requisitos para produção de embalagens de alimentos e bebidas, são:
- Embalagens em contato direto com alimentos devem seguir as BPF para que elas não contaminem os alimentos com componentes indesejáveis ou tóxicos. Nesse caso, existem outras resoluções que determinam os limites máximos para a migração desses componentes que podem representar um risco para a saúde e que modifiquem a composição ou as características sensoriais dos alimentos.
- Os componentes do material das embalagens devem estar em uma lista positiva de substâncias não nocivas, seguir certos critérios de pureza e cumprir o limite de migração totais e específicas para certos componentes.
- Ter lacres ou sistemas de fechamento para que as embalagens não abram de forma involuntária.
A importância do design de embalagens
Saindo um pouco do tópico das questões legais sobre a produção de embalagens de alimentos e bebidas, nós precisamos conversar sobre a importância de o design dessas embalagens para as indústrias de alimentos serem reconhecidas e escolhida pelo seu público-alvo.
Em primeiro lugar, vamos considerar que, muitas vezes, a embalagem de um alimento é o primeiro contato que uma pessoa tem com aquele produto. Dessa forma, a caixa de leite, por exemplo, é a roupa que o leite veste, a forma como ele se apresenta ao cliente.
Nesse sentido, a embalagem deve comunicar, de forma clara, os princípios da marca, vendendo a ideia de que aquele é a melhor opção do mercado apenas com artifícios visuais e pequenas informações de texto.
Para isso, a marca deve considerar:
- Escolha de cores que passam uma mensagem ao público-alvo;
- Elementos visuais que comuniquem os princípios da empresa;
- Textos que dão destaque ao produto em relação aos seus concorrentes;
- Artifícios que despertem a curiosidade do público-alvo.
Ademais, muitas marcas divulgam suas ações de sustentabilidade, por exemplo, em suas próprias embalagens. Para algumas pessoas, essas ações podem ser decisivas como critério de desempate entre dois ou mais produtos.
As cores no design de embalagens
A psicologia das cores é indiscutivelmente real. Mas para além de influenciar o comportamento de compra de seu público-alvo, as cores por si só têm significados que ajudam as empresas a construírem uma comunicação assertiva com seus clientes.
Um claro exemplo está na cor verde. Quando usada em embalagens, essa cor geralmente remete à sustentabilidade, ou a produtos orgânicos e naturais. Perceba que ela não necessariamente induz o consumidor a comprar, mas se ele pensa em ser mais saudável e se preocupa com o meio ambiente, as chances de optar por esse produto se tornam bem maiores.
As variações de tons dentro de uma cor também passam uma mensagem. Um azul marinho costuma passar uma mensagem de descolado, moderno, e o azul bebê é mais claro e sereno. É justamente por esse ponto que é interessante testar as cores com barrinhas nas caixas de leite antes de produzir milhares de embalagens com tons errados.
Padrões de qualidade na impressão de embalagens
O processo de impressão funciona por meio de cores primárias que se combinam para formar uma nova cor. Geralmente, as cores usadas seguem o formato CMYK (ciano, magenta, amarelo e preto) que, quando misturadas, formam outras cores diversas.
Na maioria dos processos de impressão, as cores são impressas uma em cima da outra. Por exemplo: primeiro imprimem a porcentagem de ciano, depois de magenta, depois de amarelo… Nesse processo, muitos erros podem acontecer, fazendo com que as cores das embalagens fiquem diferentes.
Usar a barrinha de cores na impressão é uma forma de ter referência sobre qual é o padrão de cores, podendo ser usada como guia para configurações futuras e garantindo que as cores saiam igual em todas as embalagens. Caso ocorra algum erro de impressão, os especialistas saberão exatamente onde ocorreu.
A diferenciação de cores nas embalagens não causam problemas na qualidade do produto alimentício em si, mas impacta diretamente na experiência do cliente e na impressão que esse cliente tem da marca e de seus produtos.
A lição que fica é: pesquise, sempre, antes de compartilhar informações chocantes na internet. Afirmar que um produto que já venceu está sendo comercializado é uma acusação muito grave, pois alimentos vencidos interferem diretamente na saúde de quem consome.
Pequenos boatos como esse podem destruir a imagem de uma empresa, mesmo que ela trabalhe incansavelmente para garantir segurança alimentar e qualidade em seus produtos.
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