A governança corporativa tem emergido como um dos pilares mais importantes para a gestão de empresas modernas. Em um cenário de alta competitividade e crescentes demandas de transparência e responsabilidade, as práticas de governança se tornaram essenciais para garantir o crescimento sustentável, atrair investidores e alinhar os interesses de diversas partes interessadas.

Neste artigo, exploramos em detalhes o conceito de governança corporativa, seus princípios, benefícios, desafios e as melhores práticas para sua implementação. 

O que é governança? 

A governança corporativa pode ser definida como o conjunto de práticas, políticas e processos utilizados para dirigir, administrar e controlar uma organização. Nesse sentido, trata-se de um sistema que define a estratégia das decisões tomadas e implementadas, visando o equilíbrio entre os interesses dos acionistas, administradores, clientes, colaboradores, fornecedores, governo e sociedade em geral. 

Na prática, a governança corporativa busca garantir que uma organização opere de maneira ética, transparente e alinhada aos seus objetivos de longo prazo. Isso é alcançado por meio de uma estrutura clara de poder e responsabilidades, mecanismos de fiscalização eficazes e uma cultura de prestação de contas. Dessa forma, a governança corporativa é o caminho mais eficiente para gerar confiança. 

Conformidade regulatória na governança corporativa

A governança corporativa é um caminho para o alcance de conformidade regulatória, mas essa não é sua única função. É preciso pensar na governança nas empresas como uma teia de ações, um conjunto de práticas que abraça todos os braços de administração de uma empresa.

Dessa forma, a conformidade regulatória é um dos assuntos tratados pela governança corporativa. Ou seja, um dos objetivos da estrutura de governança é garantir que a organização atenda os requisitos das normas e regulamentações necessárias, evitando prejuízos legais e ajudando a empresa a alcançar a excelência em sua gestão. 

Assim, sendo a conformidade regulatória uma questão importante para a sucesso sustentável do seu negócio, esse se torna um assunto relevante – que deve ser tratado como prioridade no exercício da governança corporativa.

Princípios da governança corporativa

Os pilares da governança corporativa são reconhecidos internacionalmente por organizações como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

Nesse sentido, os pilares da governança corporativa são guias a serem seguidas na construção de uma governança corporativa. Portanto, eles devem se fazer presentes em cada estratégia seguida, decisão tomada e ação implementada.

Os quatro princípios da governança corporativa incluem: 

1. Transparência

Significa disponibilizar informações claras, precisas e acessíveis para todas as partes interessadas. Nesse sentido, a transparência vai além da conformidade legal, abrangendo a divulgação de dados financeiros, estratégicos e operacionais que impactam os stakeholders. 

2. Equidade

Refere-se ao tratamento justo e igualitário de todos os stakeholders, especialmente os acionistas minoritários. Dessa forma, esse princípio garante que os direitos de cada parte interessada sejam respeitados, independentemente de seu nível de poder ou participação na empresa. 

3. Prestação de Contas (Accountability)

Responsáveis por tomar decisões dentro da organização devem ser capazes de justificar suas ações e resultados. Portanto, o accountability promove uma cultura de responsabilidade e comprometimento. 

4. Responsabilidade Corporativa

Além do foco no lucro, a governança corporativa exige que as empresas considerem os impactos de suas decisões sobre o meio ambiente, a sociedade e a economia. 

Como implementar uma governança corporativa?

O primeiro passo para a implementação de práticas de governança corporativa é uma estrutura organizacional bem definida. Esses órgãos darão origem a todas as estratégias, ações e decisões tomadas, visando sempre atender aos objetivos da organização. 

Vale mencionar que esses objetivos variam de corporação para corporação. Portanto, não é possível traçar um caminho único de governança corporativa para todas as organizações, sendo necessário se manter atento às especificidades de cada negócio. Ainda assim, o caminho é simples: defina a estrutura de sua governança e crie planos de ação para os desafios de sua implementação. 

Leia também: Quais são as certificações de governança corporativa?

Estrutura da governança corporativa:

A estrutura da governança corporativa é formada por cinco principais órgãos. São eles quem darão vida às práticas de governança, definindo as estratégias e executando as práticas adequadas para a organização.

Dessa forma, é crucial que a empresa

  • Assembleia Geral de Acionistas: É o principal órgão deliberativo. Ele serve para que os acionistas votem em questões importantes, como eleição de membros do conselho, aprovação de demonstrações financeiras e alterações no estatuto social.
  • Conselho de Administração: Responsável por tomar decisões estratégicas e supervisionar a gestão da empresa. Deve ser composto por membros independentes para garantir imparcialidade e diversidade de perspectivas.
  • Diretoria Executiva: Executa as decisões do conselho e gerencia as operações diárias da empresa.
  • Comitês de Apoio: Comitês como o de auditoria, riscos, ética e ESG (ambiental, social e governança) auxiliam o conselho em áreas específicas, garantindo maior eficácia na supervisão.
  • Auditoria Interna e Externa: Esses órgãos asseguram a conformidade com regulamentos e normas, além de avaliar a eficácia dos controles internos. 

Desafios na implementação da governança corporativa: 

Não tenha dúvidas: os benefícios da governança corporativo sobressaem os desafios em sua implementação. Ainda assim, esses desafios são significativos e precisam de uma maior atenção em prol de uma governança corporativa eficaz.

Nesse sentido, os principais desafios são: 

  • Resistência cultural: Em muitas organizações, especialmente as familiares, pode haver resistência à mudança, com dificuldades em aceitar maior transparência e prestação de contas.
  • Custos e recursos necessários: Implementar e manter sistemas de governança pode ser caro, especialmente para pequenas e médias empresas.
  • Conflitos de interesse: Conflitos entre acionistas majoritários e minoritários, ou entre conselheiros e executivos, podem dificultar a tomada de decisões imparciais.
  • Adaptação a mudanças regulatórias: Regulamentações em constante evolução podem exigir atualizações frequentes nos processos de governança.
  • Falta de profissionais qualificados: A ausência de conselheiros independentes e qualificados pode limitar a eficácia do conselho de administração. 

Benefícios da governança corporativa 

A adoção de uma governança corporativa eficaz pode trazer uma série de vantagens para as empresas. Entretanto, para que esses benefícios sejam, de fato, alcançados, é preciso elaborar planos de ação para superar os desafios na implementação da governança empresarial. 

Os benefícios da governança corporativa incluem:

  • Melhoria na reputação e na imagem da empresa: Empresas que seguem práticas de governança corporativa conquistam maior credibilidade no mercado. Isso atrai investidores, fortalece relações com parceiros e melhora a percepção da marca pelos consumidores.
  • Acesso a capital: Investidores institucionais, como fundos de pensão e fundos soberanos, geralmente priorizam organizações com estruturas robustas de governança. Dessa forma, isso se traduz em maior facilidade para captar recursos financeiros.
  • Redução de riscos: A transparência e os mecanismos de controle reduzem a probabilidade de fraudes, corrupção e outras práticas que poderiam prejudicar a empresa.
  • Melhor desempenho e sustentabilidade: Empresas bem governadas são mais resilientes às crises e têm maior capacidade de se adaptar a mudanças regulatórias e de mercado, promovendo crescimento sustentável.
  • Retenção de talentos: Uma governança empresarial sólida também contribui para a criação de um ambiente ético e justo, o que atrai e retém colaboradores qualificados. 

Governança Corporativa no Brasil 

No Brasil, a governança corporativa ganhou destaque com a criação do Novo Mercado da B3 (Bolsa de Valores Brasileira). Nesse sentido, esse segmento de listagem exige padrões mais elevados de governança, como a emissão de ações com direito a voto e maior transparência na divulgação de informações. 

O país também enfrenta desafios, como o histórico de corrupção e a concentração de poder em grandes acionistas. No entanto, empresas brasileiras que investiram em governança, como Natura e Itaú Unibanco, têm se destacado no cenário internacional. 

Tendências da governança corporativa

O futuro da governança nas empresas está em constante evolução, sendo possível observar que suas práticas caminham em prol de objetivos em comum, mesmo estando em diferentes tipos de organização. Dessa forma, algumas tendências importantes incluem: 

  • Foco em ESG (Ambiental, Social e Governança): Os aspectos ambientais e sociais têm ganhado tanto peso quanto as práticas tradicionais de governança. Empresas que incorporam ESG em suas estratégias são vistas como mais preparadas para enfrentar os desafios do século XXI.
  • Digitalização e governança de dados: Com a transformação digital, questões como privacidade, segurança cibernética e gestão de dados são cada vez mais integradas à governança nas organizações.
  • Diversidade nos conselhos de administração: Há um movimento global para aumentar a diversidade de gênero, raça e experiência nos conselhos, promovendo decisões mais inclusivas e eficazes.
  • Impacto da inteligência artificial: A IA está sendo usada para monitorar riscos, analisar tendências e apoiar decisões estratégicas, mudando a forma como as empresas implementam governança. 

Leia também: ESG – Práticas ambientais, sociais e de governança

Qual é o principal objetivo da governança corporativa? 

A governança corporativa é muito mais do que uma exigência regulatória; é um diferencial competitivo com o objetivo de garantir o  sucesso sustentável de organizações, mesmo em um mundo complexo e em constante mudança.

Ao adotar práticas robustas de governança, as empresas podem fortalecer sua reputação, atrair investidores, reduzir riscos e criar valor para todas as partes interessadas. Assim, à medida que o cenário corporativo evolui, as organizações que priorizam a governança estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios do futuro e prosperar em um ambiente cada vez mais exigente e conectado. 

Dessa forma, é possível afirmar que a governança nas organizações, portanto, não é apenas uma questão de conformidade, mas uma estratégia fundamental para construir negócios resilientes, éticos e de alto desempenho. 

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Amanda Chaves

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