A governança é um conceito central para o funcionamento eficiente, transparente e sustentável das organizações, sejam elas públicas, privadas ou do terceiro setor. Nesse sentido, os tipos de governança estabelecem o conjunto de práticas, políticas e estruturas que orientam como as decisões são tomadas e implementadas, assegurando o alinhamento entre os interesses das partes interessadas. 

No entanto, existem diferentes tipos de governança, cada um adaptado a um contexto específico, como organizações familiares, empresas públicas ou instituições governamentais. Este artigo explora os principais tipos de governança, destacando suas características, importância e exemplos práticos. 

 O que é governança? 

A governança pode ser entendida como o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo a relação entre acionistas, gestores, conselhos e outras partes interessadas.

Nesse sentido, ela se baseia em quatro pilares fundamentais, sendo eles: 

  • Transparência: Clareza na comunicação de informações relevantes.
  • Equidade: Tratamento justo e imparcial de todos os stakeholders.
  • Prestação de Contas: Responsabilidade dos gestores perante os acionistas e a sociedade.
  • Responsabilidade Corporativa: Compromisso com a sustentabilidade e com impactos sociais e ambientais. 

 Leia também: Governança Corporativa: O sucesso sustentável dos negócios

Os 8 tipos de governança:

A governança não é um modelo único e fixo. Nesse sentido, dependendo do tipo de organização, seu propósito e seu contexto, as práticas de governança podem variar significativamente. Portanto, é importante entender em qual posição sua empresa atua, para desenhar estratégias realmente assertivas. 

Dessa forma, os cinco principais tipos de governança são:

1. Governança Corporativa

A governança corporativa amplamente reconhecida, sendo o tipo mais famoso de governança. Nesse sentido, ela se  refere ao conjunto de práticas e estruturas aplicadas em empresas privadas ou de capital aberto para equilibrar os interesses de acionistas, gestores e outras partes interessadas. 

Características: 

  • Foco em transparência, gestão de riscos e proteção dos direitos dos acionistas;
  • Estruturas como conselhos de administração, auditorias independentes e comitês de governança;
  • Regida por regulamentos como o Código Brasileiro de Governança Corporativa e, em nível global, o Código de Governança do Reino Unido. 

Importância: 

  • Promove a sustentabilidade e a longevidade das empresas;
  • Atrai investidores ao demonstrar compromisso com a ética e a eficiência;
  • Além disso, a prática minimiza riscos de fraudes e má gestão. 

Exemplo Prático: 

Empresas listadas na Bolsa de Valores, como as que integram o segmento Novo Mercado da B3, precisam aderir a padrões elevados de governança corporativa, incluindo a adoção de conselhos independentes e a divulgação ampla de informações financeiras. 

2. Governança Familiar

A governança familiar é aplicada em empresas controladas por famílias, que enfrentam desafios únicos, como sucessão e equilíbrio entre interesses pessoais e empresariais. Nesse sentido, a governança de empresas familiares precisa planejar previamente como serão feitas suas práticas de controle. 

Características: 

  • Estruturação de conselhos familiares e de administração;
  • Criação de protocolos familiares para regulamentar questões como sucessão e distribuição de dividendos;
  • Assim, seu foco é no alinhamento entre os objetivos da família e os da empresa. 

Importância: 

  • Garante a continuidade e o crescimento sustentável do negócio;
  • Reduz conflitos internos e facilita a sucessão entre gerações;
  • Protege os interesses financeiros e emocionais dos membros da família. 

Exemplo Prático: 

Grandes grupos como o Magazine Luiza e a Natura estruturaram práticas de governança familiar que ajudaram a consolidar sua expansão e a atrair investimentos, mantendo os valores familiares. Dessa forma, a intenção da governança familiar não é manter os negócios apenas na família, mas sim administrar todos os interesses envolvidos. 

3. Governança Pública

A governança pública refere-se à gestão de instituições governamentais e políticas públicas, focada na transparência, na eficiência e na prestação de contas à sociedade. Portanto, sua aplicação também costuma considerar a comunicação das ações para a população. 

Características: 

  • Estruturas legais e regulatórias claras;
  • Participação ativa da sociedade civil e de outras partes interessadas;
  • Além disso, seu monitoramento costuma ser por órgãos independentes, como tribunais de contas e controladorias. 

Importância: 

  • Melhora a qualidade dos serviços públicos;
  • Reduz corrupção e ineficiência administrativa;
  • Dessa forma, ela fortalece a confiança dos cidadãos nas instituições. 

Exemplo Prático: 

Iniciativas como a Lei de Acesso à Informação (LAI) no Brasil promovem maior transparência na administração pública, permitindo que cidadãos acompanhem a gestão de recursos. Assim, a construção dos sites vinculados ao gov.br, por exemplo, deixa claro a estrutura do órgão, quais são suas responsabilidades e onde ter acesso a outros documentos relevantes. 

4. Governança em ONGs e no Terceiro Setor

As organizações do terceiro setor têm como principal objetivo gerar impacto social, e a governança nessas instituições é crucial para garantir que recursos sejam utilizados de forma ética e eficiente. Assim, esse tipo costuma dialogar com a sociedade para entender suas reais necessidades. 

Características: 

  • Conselhos deliberativos que incluem representantes da sociedade civil;
  • Relatórios transparentes sobre captação e uso de recursos;
  • Foco na responsabilidade social e nos impactos gerados. 

Importância: 

  • Aumenta a confiança de doadores e patrocinadores;
  • Garante a sustentabilidade financeira e operacional;
  • Além disso, ela facilita parcerias com governos e empresas privadas. 

Exemplo Prático:

Grandes ONGs como o Greenpeace e o Instituto Ayrton Senna possuem estruturas de governança que asseguram a independência e o foco em suas missões. Assim, eles conseguem garantir que os recursos estão indo para lugares adequados e ainda manter o seu próprio funcionamento. 

5. Governança de Tecnologia (IT Governance)

Com o crescimento da transformação digital, a governança de tecnologia tornou-se essencial para gerenciar recursos de TI, garantir a segurança de dados e alinhar investimentos tecnológicos aos objetivos estratégicos da organização. 

Características: 

  • Uso de frameworks como COBIT, ITIL e ISO 27001;
  • Definição de políticas para gestão de riscos e conformidade digital;
  • Monitoramento contínuo da performance de sistemas de TI. 

Importância: 

  • Reduz riscos de segurança cibernética;
  • Maximiza o retorno sobre investimentos em tecnologia;
  • Dessa forma, ela garante conformidade com regulamentações como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil. 

Exemplo Prático: 

Empresas do setor financeiro, como bancos e fintechs, utilizam frameworks robustos de governança de TI para proteger dados sensíveis e garantir a continuidade de serviços. 

6. Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG)

A governança ESG ganhou destaque nos últimos anos, unindo práticas de governança corporativa com responsabilidades ambientais e sociais. Assim, esse é um tipo de governança que tende a crescer consideravelmente, pois, cada vez mais, as regulamentações ambientais serão mais severas.

Características: 

  • Integração de metas ambientais e sociais nas decisões estratégicas;
  • Comunicação clara dos esforços ESG aos stakeholders;
  • Nesse sentido, ela adota métricas e relatórios, como os padrões SASB e GRI. 

Importância: 

  • Atração de investidores que priorizam sustentabilidade;
  • Mitigação de riscos associados a mudanças climáticas e questões sociais;
  • Portanto, ela fortalece a reputação da empresa. 

Exemplo Prático: 

Empresas como a Natura e a Tesla são reconhecidas por integrarem práticas ESG em suas operações, destacando-se em governança ambiental e social. Além disso, vale mencionar que esse tipo de governança traduz um pouco dos pilares e dos valores da empresa. 

7. Governança de Projetos

A governança de projetos é focada em estabelecer estruturas que garantam o alinhamento dos projetos aos objetivos estratégicos da organização. Assim, esse é um tipo de governança que pode ser aplicada em conjunto com outros tipos, aliando seus objetivos. 

Características: 

  • Uso de metodologias como PRINCE2 e PMBOK;
  • Definição de papéis e responsabilidades claras para os stakeholders;
  • Além disso, faz o monitoramento contínuo do progresso dos projetos. 

Importância: 

  • Reduz atrasos e custos excessivos;
  • Melhora a alocação de recursos e a priorização de iniciativas;
  • Nesse sentido, ela garante que os projetos gerem valor estratégico. 

Exemplo Prático: 

Grandes organizações como a Petrobras utilizam governança de projetos para gerenciar portfólios complexos, como exploração de petróleo e gás. Portanto, eles conseguem garantir que todos os requisitos desses projetos sejam bem estruturados, o que faz com que os projetos sejam eficientes. 

8. Governança de Dados (Data Governance)

Com o aumento do uso de dados para tomada de decisão, a governança de dados assegura a qualidade, a integridade e a conformidade no gerenciamento de informações. Além disso, essa governança se preocupa com a segurança dos dados usados.

Características: 

  • Definição de políticas para armazenamento, compartilhamento e proteção de dados;
  • Garantia de compliance com legislações como a GDPR na Europa e a LGPD no Brasil;
  • Nesse sentido, ela faz uso de ferramentas avançadas para monitorar e auditar processos de dados. 

Importância: 

  • Protege a privacidade de informações sensíveis;
  • Melhora a confiança nas análises baseadas em dados;
  • Dessa forma, ela reduz riscos de penalidades legais. 

Exemplo Prático: 

Empresas como Google e Amazon implementam políticas rigorosas de governança de dados para lidar com bilhões de informações diariamente. Assim, essas organizações conseguem assegurar que os dados não serão usados para nada além do que foi autorizado nos termos de uso. 

Conclusão sobre os tipos de governança

Os diferentes tipos de governança refletem a diversidade de desafios e contextos enfrentados pelas organizações no mundo contemporâneo. Nesse sentido, seja em empresas familiares, multinacionais, governos ou ONGs, a governança desempenha um papel fundamental na construção de confiança, transparência e eficiência. 

Investir na implementação de práticas adequadas a cada tipo de organização não apenas mitiga riscos, mas também maximiza oportunidades, fortalecendo a reputação e contribuindo para o sucesso sustentável. Assim, entender os diversos tipos de governança é essencial para profissionais, líderes e conselheiros que buscam se destacar em um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico e complexo. 

Leia também: Quais são as certificações de governança corporativa?

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Amanda Chaves

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