Priorizar o atendimento de pacientes de acordo com o nível de gravidade do caso é uma forma de prevenir que os casos se agravem e, em situações mais urgentes, que o paciente vá a óbito devido ao tempo de espera por atendimento. Nesse sentido, o Protocolo de Manchester se tornou o método de classificação de risco mais usado no Brasil, sendo de rápida e simples aplicação.  

O que é o Protocolo de Manchester? 

O Protocolo de Manchester é um método de classificação de risco, que usa cores para indicar a gravidade do caso de um paciente da emergência. Com isso, a equipe de saúde consegue organizar a prioridade de atendimento, fazendo com que os casos mais urgentes sejam atendidos primeiro.  

Nesse sentido, o método deve fazer parte da triagem do paciente, e não tem a intenção de fornecer um diagnóstico, mas sim garantir que nada de grave ocorra com aquele paciente antes dele ser atendido. Para isso, faz-se uma análise sobre o risco de vida do caso e a possibilidade de falência dos órgãos.  

O Protocolo de Manchester começou a ser usado no Brasil em meados de 2008, quase 13 anos depois de sua invenção por médicos do Reino Unido. Apesar de ser consideravelmente recente, esse é o protocolo de classificação de risco mais comum nos hospitais brasileiros.  

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Como funciona o Protocolo de Manchester?  

O Protocolo de Manchester funciona por meio de uma classificação de risco dividida em cinco cores: vermelho, laranja, amarelo, verde e azul. Nesse sentido, cada uma dessas cores indica o nível de gravidade do caso do paciente. 

O indicado é que o Protocolo de Manchester, assim como outras classificações de risco, seja realizado por um enfermeiro, ainda no momento da triagem. O interessante é que a classificação seja feita com rapidez, durando cerca de 4 minutos.  

Por isso, o profissional responsável deve ter habilidades de classificação rápida e tomada de decisões. Assim, além de conseguir organizar a prioridade de atendimento, ele será capaz de instruir a equipe sobre o caso do paciente, otimizando o atendimento.  

Vermelho  

O vermelho, como é de esperar, é a classificação mais grave do Protocolo de Manchester. Nesse caso, o paciente deve ser atendido imediatamente, sem tempo nenhum de espera. Ou seja, ele sai da triagem direto para o atendimento. 

Dessa forma, a classificação vermelha é aplicada quando o paciente está correndo risco de morte. Geralmente, os pacientes que se enquadram nessa classificação apresentam:  

  • Hemorragias intensas;  
  • Queimaduras em pelo menos 25% do corpo;  
  • Dor torácica intensa;  
  • Falta de ar progressiva; 
  • Crise de convulsão; 
  • Alteração aguda no nível de consciência. 

Laranja  

A cor laranja é para os pacientes que são graves, mas sem risco eminente de vida. Dessa forma, eles são tratados como “muito urgentes” e podem esperar por atendimento durante 10 minutos, no máximo.  

Esses pacientes costumam chegar com uma dor classificada como nível 8, nível 9, ou nível 10 na escala de intensidade da dor. Além disso, muitos dos pacientes que se enquadram na cor laranja apresentam: 

  • Fortes náuseas, vômitos e febre;  
  • Falta de ar moderada; 
  • Fraturas; 
  • Ferimentos intensos; 
  • Cefaleia progressiva; 
  • Arritmia. 

Amarelo  

A classificação amarela indica que o estado do paciente é urgente, mas não tão grave. Com isso, ele não está correndo risco eminente de vida e pode esperar por cerca de 60 minutos pelo atendimento.  

Na escala de prioridade, a classificação amarela é a mais urgente dos casos tranquilos. Os pacientes que se enquadram nela, estão em condições estáveis, mas ainda precisam de atendimento o mais rápido possível. É comum que esses pacientes cheguem à emergência com:  

  • Dor moderada; 
  • Hemorragias contidas;  
  • Vômitos; 
  • Desmaios; 
  • Tontura ou vertigem moderada; 
  • Reação alérgica leve; 
  • Ferimentos leves;  

Verde  

A classificação verde significa que o caso do paciente é pouco urgente. Nesse sentido, ele pode esperar por atendimento por cerca de 120 minutos, sem problemas. Nesse caso, não existe risco de vida, e o paciente é de baixa prioridade.  

Além disso, o atendimento dos pacientes de classificação verde costuma ser relativamente simples, sem a necessidade de muitos aparelhos e, geralmente, o tratamento é feito em casa mesmo. É comum que os pacientes apresentem:  

  • Dores de cabeça leve;  
  • Dor de garganta;  
  • Infecções virais; 
  • Dores musculares; 
  • Diarreia leve;  
  • Feridas superficiais;  
  • Resfriado. 

Azul  

A categoria azul é a mais leve de todas. Os pacientes nessa classificação não são urgentes, e apresentam problemas de saúde leves e simples de serem resolvidos. Por isso, eles podem esperar por cerca de 4 horas.  

Além disso, os casos desses pacientes não costumam apresentar agravamentos ou complicações com o passar do tempo. Dessa forma, eles podem ser resolvidos com uma rápida consulta ao médico. Os casos mais encontrados são:  

  • Solicitação de receitas; 
  • Ferimentos em processo de cicatrização; 
  • Reações alérgicas muito leves, com coceira leve; 
  • Azia, gases e constipação; 
  • Dor muscular leve;  
  • Resfriado leve.  

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Como fazer o Protocolo de Manchester?  

Diferente do que muitas pessoas pensam, o Protocolo de Manchester não usa apenas o nível de dor do paciente para fazer a classificação de risco, apesar de essa ser uma parte bem importante.  

Os enfermeiros responsáveis pela classificação devem usar recursos de saúde e notar os sintomas daquele paciente para fazer o Protocolo de Manchester de forma correta. Nesse sentido, é necessário:  

Nível de dor dos pacientes 

Os enfermeiros devem usar a escala de intensidade de dor para medir o nível de dor que o paciente está sentindo. Nesse sentido, a escala se divide em 10 níveis, que significam:  

  • 0: sem dor; 
  • 1 a 4: dor leve, geralmente tem início recente. Essa dor pode ter começado há cerca de 7 dias.  
  • 5 a 7: dor moderada. Pacientes com dores nesses níveis costumam pegar pulseira amarela ou, dependendo dos outros sintomas, pulseira laranja. 
  • 8 a 10: dor intensa. Se a dor estiver sendo sentida, de forma progressiva, durante mais de 7 dias, os casos costumam ser de prioridade laranja. Entretanto, a depender dos outros sintomas, o Protocolo de Manchester por indicar gravidade vermelha.  

Tempo dos sintomas  

A escala de intensidade de dor já pergunta aos pacientes quanto tempo eles estão sentindo aquela dor. Entretanto, no Protocolo de Manchester, o enfermeiro responsável também deve checar o tempo dos outros sintomas.  

Além disso, é preciso avaliar a progressividade dos casos. Se a falta de ar, por exemplo, de um paciente está crescendo progressivamente, chegando ao seu ápice, seu caso demanda uma maior prioridade.  

Uso de equipamentos  

Para a realização do Protocolo de Manchester, o enfermeiro deve usar durante a triagem os seguintes equipamentos: 

  • Estetoscópio;  
  • Termômetro;  
  • Oxímetro; 
  • Relógio para medir a frequência cardíaca; 
  • Glicosímetro; 
  • Esfigmomanômetro;  
  • Prontuários;  
  • Pulseiras ou etiquetas que indicam a gravidade do caso de acordo as cores do protocolo Manchester. 

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Por que usar o Protocolo de Manchester?  

Não é exagero nenhum dizer que boa parte das emergências dos hospitais, sejam eles públicos ou particulares, estão sempre lotadas. Nesse cenário, seria negligência da instituição organizar o atendimento por ordem de chegada.  

Enquanto alguns pacientes estão com muita dor e com altas chances de falência de órgãos, por exemplo, outros pacientes estão tranquilos, e seu caso permite que ele espere o atendimento por mais tempo. Dessa forma, usar o Protocolo de Manchester é importante para gerar eficiência no atendimento de pacientes e organizar a fila de uma forma mais justa.  

Além disso, o Protocolo de Manchester é uma classificação de risco fácil de ser feita, sendo possível realizá-la em pouco tempo, com algumas perguntas. Assim, ele não toma muito tempo da equipe e ainda encurta o tempo da triagem.  

Os benefícios do Protocolo de Manchester 

O Protocolo de Manchester não se tornou a principal classificação de risco do Brasil e diversos outros países atoa. Além de sua fácil aplicação, o método ainda possui outros importantes benefícios:  

  • Rápida identificação de pacientes com risco de morte;  
  • Melhoria nas especificações do atendimento, como local e profissional adequados; 
  • Melhoria no fluxo de pacientes; 
  • Previsão do tempo de espera de cada paciente; 
  • Detalhamento do caso do paciente, sendo possível tranquilizar ele e seus acompanhantes; 

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Os 5 principais protocolos de classificação de risco  

Mesmo que o Protocolo de Manchester seja o mais usado no Brasil, existem outros protocolos de classificação de risco que ajudam os profissionais de saúde a organizar a prioridade de atendimento de seus pacientes.  

Dessa forma, existem 5 protocolos de classificação de risco bastante conhecidos, que se destacam ao redor do mundo. São eles: 

  • Protocolo de Manchester: divide o risco dos pacientes em cinco categorias, indicadas por cores. A prioridade de pacientes vai de atendimento imediato até 4 horas.  
  • Escala de Triagem Australiana: divide o risco dos pacientes em cinco categorias, que vão de atendimento imediato até 60 minutos. Entretanto, na classificação 5, o paciente pode esperar ainda mais de 1 hora, pois ele é não-urgente.  
  • Índice da Gravidade de Emergência: estabelece cinco níveis para classificação de risco dos pacientes. É o método usado nos EUA e define que o nível 4 é para doenças crônicas e o nível 5 é para pacientes que não precisam de muitos recursos médicos em seu atendimento.  
  • Escala Canadense de Triagem e Acuidade: também divide o paciente em cinco níveis de gravidade e usa cores para identificar o nível. A diferença é que esse método troca a cor azul pela cor branca e dá um tempo limite de 120 minutos para atendimento dos pacientes menos urgentes.  
  • Classificação de Risco Pediátrico: essa é uma classificação de risco muito importante pois, nem sempre, as crianças conseguem traduzir em palavras o que estão sentindo. Por isso, o enfermeiro responsável deve ter uma maior sensibilidade ao fazer a triagem dos pacientes pediátricos. Assim como o Protocolo de Manchester, a classificação de risco é dividida em cinco cores. A diferença é que o tempo de espera deve ser menor, começando com atendimento imediato até, no máximo, 180 minutos.  

Como garantir que o Protocolo de Manchester seja feito com rigor e eficiência? 

Apesar de ser simples, o Protocolo de Manchester precisa ser feito de acordo com as determinações legais e as indicações dos órgãos de saúde competentes. Por isso, a dica é usar um Software de Gestão da Qualidade que alinhe as devidas documentações com os processos da sua instituição de saúde e os treinamentos da equipe.  

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