Organizações são construídas por seres humanos. Especialmente por essa razão, as empresas precisam pensar em ações que diminuem os erros operacionais humanos, que são normais e que vão acontecer com certa frequência. Assim, fazer uma análise de confiabilidade humana é uma forma de descobrir as variáveis que induzem o colaborador ao erro e, consequentemente, criar planos de ação para amenizar essas questões.
Neste artigo, iremos explicar o que é a análise de confiabilidade humana, discutir sobre as classificações de erro humano e os fatores que interferem no desempenho dos colaboradores e falar sobre os métodos de avaliação e como colocá-los em prática.
O que é análise da confiabilidade humana?
A análise da confiabilidade humana (ACH) é um método para avaliar o potencial de desempenho de um colaborador ao executar uma certa atividade. Nesse sentido, a metodologia analisa variáveis como tempo de execução, interação do ser humano com a máquina, e cenário do ambiente de trabalho.
Nessa análise, o foco é encontrar probabilidade de falha de uma pessoa ao executar uma ação. Dessa forma, considera-se um período de tempo pré-determinado, que varia de acordo com a complexidade da tarefa. Além disso, a organização deve fornecer os recursos de trabalho adequados e condições ambientais apropriadas para que a análise seja justa.
Qual a função da análise da confiabilidade humana?
Falhas operacionais humanas são normais, mas elas causam muitos prejuízos para as organizações. Assim, o principal objetivo da ACH é descobrir as variáveis que induzem esses erros para diminuí-los consideravelmente.
Consequentemente, a aplicação da análise da confiabilidade humana tem como função:
- Aumento da produtividade;
- Diminuição de perdas operacionais;
- Economia no uso de recursos;
- Diminuição de acidentes de trabalho;
- Diminuição de prejuízos materiais e financeiros.
Quais são os tipos de erros humanos?
Pensar no conceito de erro humano pode parecer um esforço desnecessário. Afinal, há uma crença de que erros são falhas que interrompem uma atividade, de forma que a impedir o objetivo seja devidamente cumprido.
Entretanto, lidar com seres humanos é diferente de lidar com máquinas. Nem sempre é fácil definir se um erro foi causado propositalmente, por exemplo. Isso ocorre porque o ser humano é muito mais complexo do que um sistema e, por trás de um erro, há uma série de decisões, atitudes e comportamentos.
Nesse sentido, especialistas teóricos classificam erros operacionais humanos de acordo com os seguintes requisitos:
- Deslizes: ocorrem quando o colaborador tem um problema na execução da ação, e geralmente está relacionada ao seu nível de habilidade.
- Lapsos: ocorrem quando o colaborador tem um problema de memória, fazendo com que a ação não corra como planejada. Também costuma estar relacionada ao nível de habilidade.
- Enganos: os enganos ocorrem no estado cognitivo de planejamento. Assim, quando o plano não atinge o objetivo desejado, o engano se relaciona ao nível de regras. Entretanto, quando há a intenção de improvisar um plano, e esse não sai como esperado, o erro se relaciona ao nível de conhecimento.
Quais são os fatores que causam falhas humanas?
Uma das dificuldades de analisar a confiabilidade humana são os fatores que podem atrapalhar o desempenho dos colaboradores, principalmente porque eles podem ser subjetivos. Ainda assim, é necessário conhecer esses fatores para haver sua diminuição.
Nesse sentido, o teórico de psicologia Barry Kantowitz definiu, em 1983, os principais fatores que podem causar falhas humanas no ambiente de trabalho são:
- Fatores operacionais: um dos fatores operacionais que mais influenciam no desempenho é o tempo de operação. Ademais, metas e objetivos do sistema também entram nos fatores operacionais.
- Fatores dos projetos: o tempo de operação também é um fator de projeto importante, assim como o próprio layout do sistema.
- Fatores das tarefas: colaboradores com tarefas múltiplas e simultâneas, altas cargas de trabalho, e executores de tarefas complexas costumam não atingir todo o seu potencial de desempenho.
- Fatores pessoais: colaboradores sem experiência e treinamento também passam por dificuldades de desempenho. Entretanto, outros fatores pessoais também interferem, como ansiedade, falta de motivação, monotonia…
- Fatores ambientais: o ambiente de trabalho também impacta diretamente o desempenho. Dessa forma, é importante que a organização preste atenção na temperatura, na iluminação, barulho…
Além disso, outros fatores também podem influenciar no desempenho humano em atividades operacionais. De forma geral, agrupa-se as causas das falhas humanas em fatores individuais, fatores tecnológicos e fatores organizacionais.
Existe um esquema para classificação de erros, descrito pelo teórico Mario Cesar Vidal em Ergonomia cognitiva: Raciocínio no trabalho, que determina o seguinte:
Como fazer uma análise da confiabilidade humana?
Existem diferentes métodos para fazer uma ACH, e cada um possui objetivos próprios. Entretanto, para que essas metodologias sejam bem aplicadas, é necessário fazer um estudo do erro em si, a fim de classificá-lo adequadamente.
A explicação do porquê uma falha humana aconteceu é feita a partir da reconstrução do acontecimento na visão do colaborador responsável. Portanto, essa avaliação é uma forma de entender as motivações por trás do erro, que muitas vezes mostram que a decisão errada tomada fazia sentido no momento.
Nesse sentido, fazendo a classificação do erro e entendendo quais foram as motivações que levaram às ações equivocadas dos colaboradores, chega o momento de entender qual é o melhor método.
Principais métodos de análise de confiabilidade humana
Os métodos apresentados nem sempre serão exclusivos para a análise de confiabilidade humana. Especialmente por isso, é de extrema importância que a organização adapte sua aplicação ao seu contexto e intenção.
1. Método HAZOP
HAZOP significa Hazard and Operability Study (Estudo de Perigos e Operabilidade). Nesse sentido, o método serve como um guia para prever cenários sempre que alguma ação desviar do padrão normal pré-estabelecido.
Objetivo:
O Método HAZOP tem como objetivo identificar os fatores que atrapalham no desempenho dos colaboradores e, consequentemente, prevenir os riscos decorrentes de ações equivocadas.
Como fazer:
- Identificar os nós do processo;
- Identificar as variáveis do processo;
- Identificar as palavras-guias;
- Identificar as causas do desvio;
- Identificar as consequências do desvio;
- Determinar os modos de detecção.
Leia também: HAZOP – Estudo de Perigos e Operabilidade
2. Método THERP
O Método THERP é um dos mais específicos para ACH. A Technique of Human Error Rate Prediction ou Técnica de Previsão de Taxa de Erro Humano (THERP), prevê a probabilidade de um colaborador cometer um erro executando sua função.
Objetivo:
Além de prever a probabilidade do erro humano, o THERP também avalia a degração do sistema homem-máquina. Além disso, ele entende os fatores envolvidos no erro, que podem ser puramente humanos ou incluir as práticas operacionais.
Como fazer:
- Identificar as falhas do sistema;
- Identificar todas as operações humanas;
- Identificar os erros relevantes;
- Mensurar a probabilidade de os erros acontecerem;
- Identificar as consequências dos erros;
- Criar planos de ação que diminuam a probabilidade de ocorrência dos erros.
3. Método ATHEANA
O Método ATHEANA faz uma investigação completa do erro humano, combinando psicologia, engenharia, fatores humanos, e probabilidade de erros. Dessa forma, a metodologia consegue quantificar a influência de cada um desses itens.
Objetivos:
O método visa entender qual é o impacto e o nível de influência de cada uma das áreas analisadas para as condições que provocam um erro humano. Assim, seu resultado mensura bem o contexto de interação entre o homem e o sistema ou o homem e a máquina.
Como fazer:
- Identificar os Eventos Humanos Falhos (EHF);
- Categorizar as falhas humanas;
- Identificar os erros consequentes das falhas humanas primárias;
- Criar planos de ação que melhorem a interação entre homem-máquina ou entre homem-sistema.
4. Método TRIPOD DELTA
O Método TRIPOD DELTA é o melhor e mais aplicável para garantir a segurança dos processos. Assim, quando os erros humanos em questão causam inconformidades na política de segurança, sendo uma ameaça para a saúde e bem-estar dos colaboradores, é interessante optar por essa metodologia.
Objetivo:
Fazer a medição seletiva de falhas gerais (GFTs) e entender o evento local iniciador para, a partir daí, criar planos de ação que solucionem os problemas de segurança consequentes do erro humano em questão.
Além disso, ele entende que as falhas ativas (que, de fato, acontecem) são oriundas de falhas latentes. Portanto, um outro objetivo da metodologia é identificar os problemas antes que eles se tornem falhas ativas.
Como fazer:
- Identificar e medir os tipos de falhas gerais;
- Minimizar os perigos e atos inseguros dos processos;
- Criar planos de ação de defesa;
Leia também: SASSMAQ – Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade
5. Método FMEA
O Método FMEA, Análise dos Modos e Efeitos de Falhas, costuma ser aplicado para identificar as causas raízes dos erros operacionais de uma empresa. Entretanto, mesmo sua aplicação sendo mais ampla, a metodologia pode ser contextualizada para avaliar falhas humanas.
Objetivos:
Entender as causas, os efeitos e as detecção de falhas para medir o índice de risco prioritário, para que a organização consiga priorizar os riscos mais graves. Dessa forma, no cenário de falhas humanas, o método ajuda a identificar os erros mais urgentes e perigosos.
Como fazer:
- Identificar erro;
- Análise do processo;
- Identificar as causas e consequências;
- Medir gravidade, tendência e detecção;
- Calcular o índice de priorização de risco;
- Criar um plano de ação para prevenção das falhas mais graves.
6. Métodos Quantitativos
Existem algumas fórmulas matemáticas capazes de definir a probabilidade numérica, exata, das chances de um erro humano de fato acontecer. Para isso, é necessário que a empresa conte com o apoio de um profissional adequado que avalie os cenários adequados e coloquem em teste as condições pré-definidas.
Treinamentos: a melhor solução para falhas humanas
Um dos fatores que mais causam as falhas humanas é a falta de um treinamento adequado. Colaboradores bem treinados conseguem pensar em soluções eficientes, mesmo perante situações adversas.
Além disso, a falta de automação das atividades, fazendo com que os colaboradores tenham muitas tarefas manuais e repetitivas, também gera muitos erros operacionais.
Para os dois cenários, nós temos a solução
O Docnix, Sistema de Gestão da Qualidade, possui módulos que automatizam a gestão de documentos, a análise de ocorrências e criação de planos de ações referentes, a preparação de auditorias e outros processos de gestão e qualidade.
Inclusive, em nosso Módulo Treinamentos, você pode:
- Gerenciar o cronograma e os participantes;
- Vincular cargos e as matrizes de treinamentos para esses cargos;
- Criar formulários e questionários de participação;
- Acessar relatórios de desempenho e muito mais.