Toda produção industrial oferece riscos ao meio ambiente. O vazamento de um produto químico, por exemplo, pode contaminar a água, o solo e até o ar dos arredores. Nesse sentido, a avaliação de risco ambiental não é só uma maneira de prevenir que eventos danosos aconteçam, mas uma forma de oferecer proteção às vidas impactadas por acidentes desse tipo.  

Neste artigo, trataremos sobre o que é avaliação de riscos ambientais, qual a sua importância, quais são os principais riscos ambientais e como colocar essa análise em prática.  

O que é avaliação de risco ambiental? 

Avaliação de risco ambiental nada mais é do que uma análise, baseada em dados, dos riscos que a atuação de uma indústria pode causar ao meio ambiente. Nesse sentido, a avaliação irá considerar: 

  • Substâncias usadas pelo empreendimento; 
  • As chances dos riscos se tornarem eventos reais; 
  • Os impactos e a magnitude dos acidentes caso eles realmente aconteçam. 

O intuito da avaliação de risco ambiental é prevenir que os riscos se tornem eventos e garantir que a organização estará preparada para lidar com as consequências caso aconteça um acidente que não pôde ser prevenido. Essas consequências não são só os prejuízos financeiros para a empresa, mas os reparos para os entornos e as devidas indenizações para as vidas humanas que foram impactadas pelos erros. 

Nesse sentido, uma outra função da análise de riscos ambientais é criar medidas que diminuem os impactos de um evento danoso, caso ele não possa ser resolvido antes de se tornarem realidade.  

Para isso, são usados métodos de avaliação de riscos e muitas empresas optam por seguir as determinações da ISO 14001, que discorre sobre os requisitos para a criação e manutenção de um Sistema de Gestão Ambiental e certifica organizações que estejam em conformidade com suas diretrizes.  

Leia mais: Sistema de Gestão Ambiental (SGA): o que é e como implementar 

Ferramentas de Gestão e Qualidade

Por que investir em avaliação de risco ambiental? 

Sempre batemos na tecla que prevenir é mais barato do que corrigir. Entretanto, quando falamos sobre riscos ambientais, precisamos deixar claro que a intenção majoritária não deve ser economia de dinheiro, mas sim o cuidado com vida.  

Em casos específicos, os riscos de deixar um evento danoso acontecer podem sair até mais baratos do que evitar que eles aconteçam – principalmente quando o risco já está em estado avançado de desenvolvimento. Inclusive, há indícios de que esse foi o cenário dos crimes ambientais cometidos por mineradoras em Minas Gerais.  

A análise de riscos ambientais é sim uma tarefa complicada, que envolve a atuação de uma série de profissionais que precisam considerar inúmeras nuances para chegar até a avaliação final. Além disso, o preço para fazer as devidas correções pode ser alto para a organização. Mas, vidas, pessoas e o meio ambiente podem ser poupados por essas ações.  

Ademais, a avaliação de risco ambiental também é requisito para obtenção de licenças ambientais e conformidade com algumas normas e regulamentações, como: 

Como fazer uma avaliação de risco ambiental? 

A prática da avaliação de risco ambiental vai depender da norma ou documento usado como referência. Nesse sentido, cada uma dessas normas possui objetivos específicos diferentes, e a forma de condução da análise tem a intenção de atender a essas metas pré-estabelecidas.  

Além disso, algumas empresas já possuem uma política ambiental muito bem estruturada, que define ou sugere a forma como a análise de riscos ambientais deve ser feita.  

Entretanto, existe um passo a passo geral, que atende de forma ampla a grande maioria dos métodos de avaliação de riscos ambientais previstos em normas e regulamentos. Assim, seguindo a esses procedimentos, basta adaptá-los para garantir que eles cumpram os objetivos específicos.  

1. Definição e descrição da atividade

Não é assertivo fazer uma análise geral dos riscos ambientais de todos os processos de uma indústria. Principalmente em cenários mais perigos, é importante que cada atividade seja analisada separadamente. Assim, fica mais difícil de um risco escapar dos olhares da análise, por exemplo.  

Nessa primeira fase, é feita uma descrição das principais características da atividade, como: 

  • Fases do processo; 
  • Materiais e produtos usados; 
  • Substâncias potencialmente tóxicas; 
  • Índice de vulnerabilidade do pessoal exposto e dos recursos usados; 
  • Levantamento de dados sobre o histórico de acidentes; 
  • Classificação das tipologias dos acidentes, dividindo por instalação, operação e outros.

2. Identificação dos riscos

A identificação de riscos é uma etapa extensa. Dessa forma, as organizações devem analisar: 

  • O risco em si: descreve o risco e suas características;  
  • As causas do risco: determina as causas raízes daquele risco;  
  • Os efeitos do risco: determina as consequências causadas pela ocorrência daquele risco; 
  • Os fatores atenuantes: descreve práticas que podem diminuir a gravidade de ocorrência daquele risco; 
  • As categorias de frequência: classifica a frequência do risco em extremamente remota, remota, pouco provável, provável e frequente; 
  • As categorias de severidade: classifica os efeitos do risco em desprezível, marginal, crítica e catastrófica;  
  • As categorias de risco: classifica o risco em não tolerável, moderado e tolerado a partir das categorizações de frequência e severidade.  

Essas etapas são melhor explicadas pelo método de Análise Preliminar do Risco (APR), que define os procedimentos necessários para que a categorização de riscos ainda seja de uma abordagem qualitativa e atenda a critérios coniventes com a realidade.  

Além disso, outros métodos podem ser usados para tornar a análise de riscos ambientais ainda mais completa, como a Matriz GUT, o Diagrama de Ishikawa e os 5 Porquês e a Matriz FMEA.  

Principais riscos ambientais  

Existem inúmeros riscos que se caracterizam como ambientais. Dessa forma, geralmente, as próprias normas e regulamentações definem em seu escopo o que ela considera como risco ambiental. Nesse sentido, os itens que mais aparecem nas listas são: 

  • Contaminação do solo; 
  • Contaminação da água; 
  • Poluição do ar; 
  • Vazamento e descarte errado de substância tóxicas; 
  • Outros acidentes ambientais.  

 3. Descrição dos eventos decorrentes

Os efeitos oriundos de riscos ambientais devem ser descritos e superficialmente analisados em sua fase de identificação, a segunda etapa da avaliação. Entretanto, ainda é necessário fazer uma análise mais completa sobre esses eventos decorrentes dos riscos ambientais.  

Dessa forma, existem alguns métodos que podem ajudar a identificar a gravidade desses eventos consequentes, como:  

  • Análise da árvore de eventos: destrincha todos os caminhos possíveis a partir de um erro. Nesse sentido, essa ferramenta é interessante para analisar cenários diferentes.
  • Análise da Árvore de Falhas: cria um diagrama que reflete a forma como uma falha se comporta, abrangendo todas as causas de um evento indesejado e o seu comportamento.  
  • Análise das Camadas de Proteção (LOPA): avalia os cenários consequentes de um erro e determina se as camadas de proteção já existentes são suficientes para sua prevenção.

4. Análise dos eventos decorrentes

Além da descrição completa dos eventos decorrentes, a organização precisa fazer uma análise dos eventos decorrentes. Na fase anterior, foi feita uma sumarização dos eventos que poderiam ocorrer após a ocorrência de um erro, agora é preciso mensurar os seus impactos e sua frequência.  

Nessa mensuração, faz-se uma análise completa sobre a medidas e recursos usados para a redução dos riscos, e qual seria um possível plano de gerenciamento de riscos e o plano de ação de emergência. Portanto, durante essa análise, a organização deve focar em:  

  • Estimativa de severidade: analisa a gravidade dos impactos de cada um dos eventos decorrentes.  
  • Estimativa de frequência: a partir dos cenários apresentados pela descrição dos eventos, faz-se uma estimativa da frequência de cada possibilidade de consequência.  

Vale mencionar que, nessa fase, as estimativas não são dos riscos ambientais em si, mas sim dos eventos decorrentes desses riscos, ou seja, das consequências. Dessa forma, o foco deve se voltar para as inúmeras possibilidades de cenários resultantes de um erro ou de um risco.  

5. Avaliação dos riscos

Sabendo quais são os eventos decorrentes de um risco e, especialmente, a gravidade de seus efeitos, é chega um momento de avaliar esses riscos já levando em consideração os dados colhidos. Nesse sentido, a quinta fase funciona como um fechamento de informações, uma conclusão.

6. Criação de medidas que reduzem os riscos

A redução de riscos é o fator mais importante da análise, é o resultado de todo o esforço desprendido para essa avaliação. Assim, nesse momento, os responsáveis envolvidos com a análise devem organizar todos os dados coletados em gráficos e outros diagramas que possibilitem uma melhor visualização do cenário.  

É interessante que as estimativas e os resultados sejam entregues muito bem explicados, realmente mastigados. Dessa forma, será possível pensar em medidas de prevenção que sejam eficientes de verdade.  

Lembre-se, sempre, que quando falamos sobre riscos ambientais, estamos lidando diretamente com vidas. Portanto, a criação de medidas que reduzam os riscos não deve apenas resguardar a organização de eventuais prejuízos, mas assegurar a saúde e segurança de pessoas, seres vivos e do meio ambiente.  

7. Criação de programas de gerenciamento dos riscos

Nesse sentido, o plano de gerenciamento dos riscos (PGR) é o documento que discorre sobre as medidas de redução de riscos. Nesse sentido, o PGR deve conter os seguintes tópicos: 

  • Informações de segurança do processo; 
  • Revisão dos riscos de processo;  
  • Gerenciamento de modificações;  
  • Manutenção e garantia da integridade de sistemas críticos;  
  • Procedimentos operacionais;  
  • Recursos humanos a serem usados;  
  • Análise de incidentes;  
  • Plano de ação de emergência (PAE);  
  • Previsão de auditorias regulares.  

Além disso, no próprio plano de ação de emergência, por sua vez, é preciso conter: 

  • Objetivo; 
  • Documentos complementares; 
  • Área de abrangência; 
  • Limitação do plano; 
  • Definições e siglas; 
  • Descrição das instalações; 
  • Cenários emergenciais; 
  • Sistema de alarme; 
  • Comunicação de emergências; 
  • Estrutura organizacional de resposta; 
  • Recursos materiais e recursos humanos; 
  • Estratégia e procedimentos de resposta; 
  • Procedimentos de apoio; 
  • Encerramento das operações; 
  • Folha de controle de revisões; 
  • Equipe técnica; 
  • Anexos. 

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Amanda Chaves

Profissional com experiência em desenvolvimento de conteúdos que contribuam com as empresas e profissionais para otimizarem seus resultados.

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