O funcionário pleno de grandes indústrias não apenas assegura a qualidade dos produtos, mas também trabalha para garante segurança para os trabalhadores envolvidos nos processos. Em procedimentos com tantas fases, pessoas, atividades e mesmo procedimentos envolvidos, é essencial fazer o uso de metodologias como a HAZOP, que identifica desvios nas variantes, avaliando causas e consequências desses problemas.  

O que é HAZOP? 

HAZOP é a sigla para Hazard and Operability Study que, em português, significa Estudo de Perigos e Operabilidade. Essa é uma metodologia que serve para identificar e medir perigos em processos operacionais a partir de desvios nas referências consideradas normais.  

Desta forma, é possível afirmar que o HAZOP é uma ferramenta qualitativa que tem como objetivo prevenir riscos em processos, sendo uma maneira da empresa se proteger de acontecimentos não programados que podem diminuir sua produtividade e causar prejuízos irremediáveis.  

Nesse sentido, o uso do HAZOP ajuda as empresas a preverem possíveis cenários caso ocorra desvios no padrão normal dos procedimentos operacionais. Geralmente, aplica-se a metodologia durante a fase de planejamento, que também trabalha na identificação de causas e consequências.

Apesar de não haver restrições quanto aos campos de aplicação dessa ferramenta, o HAZOP costuma ser colocado em prática para a medição e tratamento de problemas de segurança e problemas de operabilidade, que afetam consideravelmente os resultados do negócio. Vale mencionar que esses dois campos podem se interligar pois problemas em processos, em alguns casos, interferem na segurança das pessoas envolvidas.  

Ferramentas de Gestão e Qualidade

As etapas da metodologia HAZOP 

A aplicação da metodologia HAZOP segue algumas etapas que ajudam as empresas a identificarem potenciais desvios. A definição de cada uma dessas etapas é essencial para evitar erros nos resultados e, assim, alcançar os resultados esperados. 

1. Os nós dos processos 

Um processo costuma ter muitas etapas e, em alguns casos, passam de uma área para outra. O tamanho dos processos, assim como sua complexidade, costuma pedir o uso de ferramentas, como o fluxograma, para uma visualização mais ampla e integrada, de forma que os responsáveis possam acompanhar todas as etapas desse mesmo processo.  

Nesse sentido, existem os chamados “nós do processo”, que são pontos que separam as etapas de um processo. Dessa forma, aplicando os “nós” nos processos, fica mais fácil para dividir cada uma das atividades essenciais dos procedimentos operacionais. Sabendo cada atividade realizada, será possível entender possíveis variáveis, definir os referenciais e, assim, identificar desvios. 

2. Variáveis do processo 

As variáveis do processo são, como o nome sugere, todos os aspectos de um processo que podem sofrer alteração. Os parâmetros popularmente usados são: fluxo, pressão, temperatura, nível, viscosidade e reação. Essas variáveis não servem, necessariamente, para todas as empresas e em todas as aplicações do HAZOP, mas cabem em inúmeros cenários e, por isso, são as mais usadas.  

Dessa forma, é possível para a empresa definir outras variáveis do processo, que podem sofrer desvios entre os nós dos processos. É interessante que os parâmetros também considerem a segurança do trabalho e a prevenção de acidentes, para além dos problemas operacionais. 

3. Palavras-guias 

As palavras-guias ajudam os responsáveis pela análise HAZOP a determinarem se as variáveis do processo estão ou não dentro da normalidade estabelecida. Nesse sentido, as palavras mais usadas costumam ser: não, nenhum; menos; mais, maior; também, bem como; parte de; reverso; outro que, senão.  

É notável que as palavras usadas como guias geralmente têm uma função de comparação. Essa característica é importante, uma vez que um dos objetivos do HAZOP é identificar possíveis erros a partir de referenciais de normalidade, ou seja, os desvios precisam ser comparados ao número “normal”. Assim, mesmo que não sejam usadas as palavras-guias padrão, é importante considerar essa função comparativa. 

4. Causas do desvio 

A identificação das possíveis causas dos desvios é essencial para que os problemas sejam tratados e, finalmente, sanados, de forma adequada. Nesse sentido, encontrar os motivos que acarretam os desvios é uma atividade que costuma pedir o auxílio de outras ferramentas, como o Diagrama de Ishikawa e os 5 Porquês 

Pensando em desvios que interferem na segurança dos colaboradores, ou até mesmo dos consumidores, pode ser interessante que a empresa invista em certificações específicas ou mesmo revise regulamentações referentes ao negócio em busca de adequações essenciais aos procedimentos operacionais realizados. Essa também é uma forma de proteger a empresa contra multas e punições de órgãos fiscalizadores.

5. Consequências do desvio 

A interferência na qualidade do processo é uma consequência comum a todos os desvios que podem ser encontrados por meio da metodologia HAZOP. Entretanto, é notável que a diminuição da qualidade não é a única consequência desses desvios – e em alguns casos, não é nem a mais grave delas. É comum que desvios no padrão causem problemas de segurança do trabalho, por exemplo, o que é extremamente nocivo para os colaboradores e para a própria empresa.  

Para detectar as possíveis consequências dos desvios encontrados pela metodologia HAZOP, os responsáveis podem usar outras ferramentas da qualidade, como a Matriz GUT, que mede a gravidade, a urgência e a tendência dos problemas com a intenção de priorizar as situações mais graves para a empresa. 

6. Modos de detecção 

Os modos de detecção são os aparelhos usados para medir os índices de cada variante e, assim, identificar seus possíveis desvios. Nesse sentido, é interessante ressaltar que esses aparelhos podem ser de diversos tipos, desde físicos (como um alarme), até os digitais (como um software que encontra os desvios e os destaca em vermelho, por exemplo).  

Novamente, é importante que os responsáveis encontrem os melhores modos de detecção referentes às atividades que o HAZOP irá analisar. O uso do alarme, por exemplo, é essencial em casos que o desvio representa um perigo eminente para os envolvidos, como um aparelho com uma pressão ou temperatura muito elevada.  

Além disso, é nesta fase que a equipe deve pensar em ações que amenizem, imediatamente, os desvios – mitigando eventuais emergências. Planos de ação preventivos e corretivos também precisam ser montados.  

Como aplicar a metodologia HAZOP? 

Para fazer a aplicação da metodologia HAZOP, o primeiro passo é tomar consciência de que a ferramenta pode ser usada tanto em processos contínuos, quanto em processos descontínuos 

Os processos contínuos são aqueles executados de forma ininterrupta e suas variáveis oscilam muito pouco, nesse caso, é essencial que o procedimento tenha sua descrição em um fluxograma. Já um processo descontínuo, com novas entradas de matéria-prima ou de reagentes a cada ciclo, tem como requisito primordial a escrita detalhada e apropriada desse procedimento.   

É interessante que a metodologia HAZOP não seja aplicada em equipes muito grandes, pois pode interferir na produtividade. Assim, o ideal é que o uso da ferramenta aconteça em equipes com até sete componentes, sendo o seu núcleo básico composto por, pelo menos, um engenheiro químico, um engenheiro de projetos e um operador de planta.  

A necessidade desses profissionais, em específico, se dá pela natureza da metodologia HAZOP, que geralmente é aplicada em grandes indústrias e considera pontos de segurança do trabalho e problemas de operabilidade.  

Leia também: BPMN – Modelagem do Fluxo de Processos

HAZOP em processos contínuos:  

Em processos contínuos, a aplicação do HAZOP se destaca nas linhas dos processos (que ligam os equipamentos usados). Assim, o primeiro passo é os responsáveis conhecerem o funcionamento correto do procedimento, o cenário ideal.  

Usando esse “cenário ideal” como referência, as empresas devem: 

  1. Usar as palavras-guia em uma determinada variável do processo, dando prioridade para os desvios mais perigosos; 
  2. Avaliar as causas dos desvios das variantes; 
  3. Fazer uma análise qualitativa das consequências dos desvios; 
  4. Definir os modos de detecção, para que os operadores consigam ter acesso aos casos de desvios;
  5. Criar medidas de controle de risco e de emergências e planos de ações corretivos e preventivos;
  6. Repetir todo o processo em cada variável da linha de processo. 

HAZOP em processos descontínuos:  

O uso do HAZOP em processos descontínuos depende diretamente da descrição do procedimento. É interessante que os passos dos processos estejam escritos com verbos no imperativo ou no infinitivo. Dessa forma, as frases devem indicar a ordem das atividades, de forma curta, rápida e direta, para que todos entendam o procedimento.  

Nesse sentido, para aplicar o HAZOP em processos descontínuos, a equipe responsável deve:  

  1. Selecionar um passo do processo para fazer a análise; 
  2. Fazer o uso das palavras-guia na etapa selecionada;
  3. Detectar os desvios, analisando se eles são perigosos para os colaboradores envolvidos e para a operabilidade do procedimento; 
  4. Garantir o funcionamento dos modos de detecção desses desvios; 
  5. Criar medidas de controle de risco e de emergências e planos de ações corretivos e preventivos;
  6. Repetir todo o processo em cada variável da linha de processo.

Formulários HAZOP  

Os formulários HAZOP é um documento muito importante para na aplicação da técnica. Nesse formulário, está contido todas as informações sobre o procedimento analisado, como as palavras-guia escolhidas, os desvios possíveis, as causas, as consequências e os modos de detecção. Um formulário HAZOP comum possui a seguinte configuração: 

Resumo da metodologia HAZOP  

A metodologia HAZOP é muito valiosa para as indústrias, uma vez que detecta os principais e mais perigosos desvios das variantes, identifica as causas e consequências e analisa os melhores modos de detecção para cada caso. Nesse sentido, essa é uma ferramenta que ajuda as empresas a garantirem segurança do trabalho e uma operabilidade eficiente.  

Amanda Chaves

Profissional com experiência em desenvolvimento de conteúdos que contribuam com as empresas e profissionais para otimizarem seus resultados.

Ver mais conteúdos de Amanda Chaves

posts relacionados