Já estamos cansados de saber que garantir a qualidade do processo produtivo é fundamental para o sucesso de qualquer empresa. No entanto, isso pode ser um grande desafio, especialmente quando se lida com muitas variáveis. Neste contexto, podemos fazer o uso das cartas de controle, um eficiente método de monitoramento da qualidade.
O que é Carta de Controle?
A carta de controle é uma ferramenta que usa estatística para o monitoramento da qualidade de processos. Nesse sentido, as cartas identificam os possíveis desvios e variações em um processo, o que possibilita a implementação das medidas corretivas mais adequadas.
Também chamadas de gráficos de controle, essa ferramenta usa os dados resultantes dos processos para encontrar variações. Dessa forma, os responsáveis pela análise poderão acompanhar e entender se essas variações estão dentro do limite tolerado.
A história da carta de controle data o início do século XX, quando a ferramenta foi criada por Walter A. Shewhart, um estadunidense estatístico que trabalhava na empresa Bell Telephone Laboratories. Ele estava procurando uma maneira de melhorar a qualidade dos produtos de sua empresa e ouviu que precisavam de uma forma de monitorar a variação em um processo. Shewhart então criou um gráfico de controle simples, que mostrava a média e a variação de um processo ao longo do tempo.
Com o tempo, as cartas de controle foram refinadas e adaptadas para atender às necessidades de diferentes forças e processos. Atualmente, essas ferramentas são extensivamente empregadas em escala global, desempenhando um papel fundamental na asseguração da qualidade nos processos produtivos de empresas de todos os tipos.
Os tipos de Carta de Controle:
Antes de saber como se faz uma carta de controle, é importante conhecer os seus dois tipos. Cada um dos tipos de cartas de controles tem características próprias, o que faz com que elas se adaptem melhor em diferentes contextos.
- Carta de controle por atributos: é a mais visual. Apenas batendo o olho, é possível identificar se os resultados do processo estão dentro do padrão esperado ou não. Nesse tipo, usa-se dois tipos de dados: dados referentes a defeitos e dados defeituosos. Nesse sentido, a carta de controle por atributos acaba sendo muito usada para monitorar o número de defeitos no processo.
- Carta de controle por variáveis: um pouco mais complexa do que a carta de controle por atributos. Nesse tipo, não se avalia apenas o número de defeitos, mas também as características específicas de cada defeito, apresentando mais variáveis. Assim, na prática, a carta de controle por variáveis se desenvolve por meio de um conjunto de cartas de controle.
Como fazer uma Carta de Controle?
A função das cartas de controle é monitorar a qualidade de um processo produtivo ao longo do tempo, sendo possível identificar variações e desvios que podem afetar a padronização do produto final. Com esse objetivo em mente, o funcionamento da carta de controle pode variar de acordo com o tipo de gráfico utilizado, mas geralmente envolve os seguintes passos:
1. Coleta de dados:
Para iniciar a elaboração de uma carta de controle, é fundamental começar coletando dados relativos ao processo a ser monitorado. Primeiramente, é importante reunir informações como medições de produtos, tempos de espera, velocidades de produção ou qualquer outro dado relevante para o procedimento em questão.
2. Cálculo da média e do desvio padrão:
Com os dados coletados, é possível calcular a média e o desvio padrão do processo. A média representa o valor médio do processo, enquanto o desvio padrão indica a variação dos dados em relação à média. Para calcular a média e o desvio padrão, basta seguir as fórmulas:
- Média: soma todos os dados e divide pelo número de dados contabilizados;
- Desvio padrão: é a raiz quadrada da soma dos quadrados da subtração entre cada dado e a média geral, e esse resultado é dividido pelo número de dados contabilizados.
3. Criação do gráfico de controle:
Com a média e os desvios padrões calculados, é possível criar um gráfico de controle que representa a variação do processo ao longo do tempo. Existem vários tipos de gráficos de controle, que atendem diferentes objetivos, mas o mais comum é o gráfico de controle de média.
Como analisar o gráfico da Carta de Controle?
Analisar os resultados da carta de controle é, de certa forma, o momento mais importante da ferramenta. Uma análise bem feita, ajuda os responsáveis a entenderem quais pontos de seus processos precisam passar por melhorias. Dessa forma, é crucial compreender os elementos chave do gráfico de controle, sendo eles:
A linha central:
A linha central desempenha um papel crucial, uma vez que representa a média do processo. Além disso, derivada dos dados coletados, essa linha serve como uma referência essencial para a análise das variações no processo.
Os limites de controle:
Os limites de controle, que estabelecem a faixa esperada para a variação normal do processo, são representados por duas linhas horizontais posicionadas acima e abaixo da linha central. A fim de determinar essas fronteiras, realiza-se o cálculo com base em dados históricos. De maneira convencional, esses limites são definidos como sendo três desvios padrão acima e abaixo da média.
Os limites de especificação:
No gráfico, identificam-se os limites de especificação, visualizados como as duas linhas que delineiam as exigências de qualidade estipuladas pelo cliente, geralmente em contrato. Assim sendo, a finalidade do processo consiste em assegurar que a qualidade permaneça dentro desses limites estabelecidos, buscando atender às expectativas do cliente.
Uma vez que os dados são plotados no gráfico de controle, a análise começa com a identificação de padrões ou tendências. Algumas das coisas que os analistas de controle podem procurar incluem:
1. Pontos fora dos limites de controle:
Quando um ponto de dados ultrapassa os limites de controle, isso sinaliza uma variação substancial no processo. Portanto, é imperativo que a equipe conduza uma investigação aprofundada do ponto que está fora dos limites, a fim de identificar a causa raiz do problema e implementar medidas corretivas necessárias.
2. Padrões repetitivos:
Os padrões repetitivos ou ciclos evidenciados no gráfico de controle podem sinalizar a existência de uma causa subjacente às variações no processo. Portanto, é imperativo que a equipe empreenda uma investigação aprofundada desses padrões, visando identificar a causa raiz do problema e, consequentemente, implementar medidas corretivas.
3. Tendências:
As tendências, sinalizadas por uma sucessão de pontos direcionados em uma trajetória específica no gráfico de controle, podem apontar para um aumento ou diminuição no processo. Portanto, é necessário investigar qualquer problema emergente ou declinante associado a essas tendências.
Leia também: Diagrama de Dispersão: uma poderosa ferramenta de monitoramento
Exemplo prático de Carta de Controle
Um exemplo prático de como as cartas de controle podem ser usadas é na fabricação de peças de metal.
Digamos que uma empresa produz uma determinada peça em grandes volumes e querem monitorar a espessura dessa peça ao longo do tempo para garantir que ela esteja dentro das especificações exigidas pelo cliente.
Para monitorar a espessura da peça, a empresa coleta dados sobre a espessura de uma amostra de peças em diferentes momentos do dia durante um período de tempo. Ela então calcula a média da espessura de cada amostra e usa esses dados para criar um gráfico de controle.
O gráfico de controle mostra a média da espessura das peças ao longo do tempo, bem como os limites superior e inferior. Quando uma nova amostra é coletada, a média é atualizada e a nova média é plotada no gráfico. Digamos que, em um determinado ponto, a média da espessura caia abaixo do limite inferior.
Isso indica que há algo errado com o processo e que a qualidade das peças está sendo comprometida. A equipe responsável pode usar as informações do gráfico de controle para identificar o problema e tomar medidas para corrigi-lo.
Por exemplo, uma equipe pode descobrir que a máquina responsável pela produção das peças não está ajustada corretamente e, por isso, está produzindo peças com espessura abaixo do especificado. Ao fazer o ajuste necessário na máquina, a equipe pode corrigir o problema e garantir que as peças produzidas estejam dentro das especificações exigidas pelo cliente.
Ao empregar cartas de controle, torna-se essencial assegurar que os dados coletados sejam precisos, ao mesmo tempo em que devem ser representativos do processo em análise.
O que podemos concluir sobre as cartas de controle?
As cartas de controle são uma ferramenta valiosa para monitorar a qualidade de um processo produtivo. Elas permitem que a equipe responsável identifique desvios e variações e tome medidas corretivas antes que eles comprometam a qualidade do produto.
Ao empregar cartas de controle, é crucial assegurar a precisão e representatividade dos dados coletados em relação ao processo em questão. Além disso, é fundamental selecionar adequadamente o tipo de gráfico de controle que melhor se adequa ao processo específico que está sendo monitorado.
Em resumo, se você deseja garantir a qualidade de seus produtos ou serviços, considere usar cartas de controle. Elas podem ajudá-lo a identificar problemas e tomar medidas corretivas antes que a qualidade seja comprometida, o que pode levar a um aumento no número de satisfação e, consequentemente, no crescimento do seu negócio.
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Apesar de simples, a construção do gráfico da carta de controle acaba não sendo tão fácil assim… Os muitos dados a se considerar e o uso da matemática (que abre margem para erros humanos), acaba exigindo um maior tempo e dedicação em sua construção.
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