ESG  é uma sigla que está cada vez mais presente na indústria de alimentos, tem características bem especiais. Desta forma, neste artigo vamos esclarecer tudo sobre o conjunto de ações e medidas que ela representa. No material a seguir, você terá um conteúdo completo, como definição, exemplos e muitos mais. 

O QUE REALMENTE É ESG? 

Essa é uma pergunta muito importante e, por isso, vamos à resposta mais completa e, ainda assim, objetiva. 

ESG ou Environmental, Social and Governance, como podemos notar, a sigla vem da representação de termos em inglês, em tradução livre: Meio Ambiente, Social e Governança. 

A imagem abaixo traduz muito melhor o que cada um dos termos representa na prática.   

ESG

Fonte: CNI

O ESG nasceu em 2004 através de um esforço da Who Cares Wins, fruto da união entre o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial.

De modo geral, o pensamento que norteia tudo é: consciência e humanidade podem ser lucrativos, basta se esforçar para isso. 

 

O ESG e o Brasil

Apesar do ESG já estar com quase 20 anos desde a sua criação, e já ser praticado ativamente por muitos países do mundo, no Brasil tem-se uma situação diferente. 

Que se é conhecido há muitos anos no país não é segredo, porém, praticar as diretrizes é algo completamente novo para o mercado brasileiro. 

Com a vinda da pandemia, as empresas começaram os processos de olharem para o ESG com maior seriedade e compromisso. 

Segundo a Rede Brasil do Pacto Global, antes de 2020, menos de 16% das empresas em território nacional tinham interesse no ESG. 

Dessa forma, após o ano de 2020, um crescimento de 6 vezes aconteceu em relação a este interesse.

 

ESG E A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

De maneira geral, as rígidas medidas de qualidade (leia o artigo completo sobre gestão da qualidade), junto ao controle de qualidade, já são fortes fatores que colaboram com o ESG. 

Somado a isso, o cumprimento de normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que abrangem cuidados ambientais, sociais e trabalhistas, de forma obrigatória, também ajudam.  

Mas, o importante são as ações feitas por vontade de alçar o ESG, não por obrigação legal, e nesse sentido as indústrias de alimentos brasileiras também estão no caminho correto. 

A Associação Brasileira de Indústrias de Alimentos (ABIA) afirmou por meio de seu presidente, João Dornelles, que o setor já investiu, ainda em 2020, 0,8% do faturamento médio, o que representou 6 bilhões de reais. 

Para se ter uma noção do tamanho desses investimentos, esse valor é igual a 27% do volume total dos aportes feitos pela indústria de alimentos naquele ano. 

Assim, fica evidente que investimentos pesados estão sendo feitos nos pilares de ESG. 

Apesar de não existirem dados precisos mais recentes, já se sabe que o valor aumentou desde 2020. 

As boas mudanças podem custar caro, mas a indústria mostra-se disposta a pagar. 

 

  • Onde os recursos estão sendo investidos? 

Segue abaixo as porcentagens sobre o destino dos recursos usados para o ESG: 

 

  • Reciclagem e reaproveitamento de resíduos (27%);
  • Gestão da água (25%);
  • Apoio emergencial à covid-19 (27%);
  • Políticas de equidade de gênero (20%);
  • Estruturação de mecanismos internos de compliance (40%).

 

Fonte: Rede Brasil do Pacto Global. 

 

“Durante o segundo trimestre de 2022, a empresa Sondeo Expansión divulgou um estudo mostrando que sete grandes marcas da indústria de alimentos, que atuaram com expressivas ações sociais e ambientais entre o segundo trimestre de 2020 até o primeiro trimestre de 2022, realizaram recorrentes aumentos de preços ao varejo, muitos deles acima da inflação do período. As únicas exceções foram duas companhias (uma de laticínios e a outra de bebidas não alcoólicas), que ao longo de 2020 reduziram seus preços, deixando os incrementos para 2021 adiante. Portanto, tudo indica que a busca pelo balanço entre as ações sociais, ambientais e de governança corporativa e a lucratividade ainda deve ir longe a ponto de tornar algo nativo.’’

Fonte: SEMEAR

 

Descrição ESG na indústria de alimentos

Fonte: CNI

 

INICIATIVAS DE ESG NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS 

Há algum tempo que a indústria de alimentos possui projetos para reutilizar e destinar corretamente os resíduos:

  • Uso de garrafas retornáveis;
  • Redução de plástico em garrafas de água;
  • Produção de embalagens biodegradáveis.

Um exemplo prático foi criado pela Cargill, ligada aos óleos LIZA. O projeto usava um sistema de logística reversa para coletar óleos e gorduras vegetais usadas. Para isso, foram criados mais de 1.400 pontos de coleta em 17 estados, além do Distrito Federal.

Exemplo de uso consciente de água.

A PepsiCo, por exemplo, definiu um compromisso de abastecer toda a água que é consumida em seus processos. Dessa forma, em Itu (São Paulo), a fábrica já é capaz de reaproveitar a água e já recuperou, até 2020, cerca de 162 milhões de metros cúbicos.

Garrafa plástica poluindo oceano

Garrafa plástica poluindo oceano

 

O QUE AS INDÚSTRIAS GANHAM ? 

Essa é uma pergunta fundamental para entender por que o ESG está tão em voga, não só em toda a indústria de alimentos, mas também em todos os setores produtivos. 

Em resposta simples: os setores que não adotarem o ESG cada vez mais terão dificuldades em captar novos investimentos. 

Isso mesmo, os investidores de todo o mundo já deixaram claro que querem investir em empresas que pensem no panorama geral de seus impactos, muito mais que só lucrar a todo custo. 

O maior fundo de investimentos do mundo, o Black Rock, em sua carta anual a investidores deixou claro que não vai mais financiar empresas que não tenham planos reais de mitigar seus impactos ambientais, sociais e trabalhistas. 

Logo, todos os valores que o ESG defende, dando às empresas, principalmente às indústrias, um verdadeiro ultimato para a mudança. 

De certa forma, mesmo que puxado pelos investidores do mundo, essas mudanças são a cada dia mais uma cobrança da própria sociedade, que não olha mais com bons olhos empresas que se põem a par dos problemas do mundo e de seus próprios impactos. 

As pessoas cada vez mais querem consumir de empresas que não só oferecem bons produtos, mas também que estejam alinhadas com seus valores. 

Dessa forma, podemos classificar como dois os ganhos das indústrias de alimentos. 

Em primeiro, o fato que continuaram a ter acesso a investimentos, por estarem com os valores do ESG alinhados às suas práticas, logo, às novas exigências do mercado. 

Em segundo, podemos dizer que é o reconhecimento social pelas ações tomadas, o que se reverte em mais consumidores que se identificam com a indústria. 

Operador em uma indústria de alimentos ESG

Operador em uma indústria de alimentos

CONCLUSÃO

Podemos notar que o Brasil entrou um pouco tarde nas mudanças propostas pelo ESG, mas que a passos largos, ações vêm sendo tomadas para recuperar esse tempo perdido.

Assim, é esperado que, já nos próximos anos, muitas transformações ocorram nas indústrias de alimentos. 

A natureza pede por transformações, por menos impactos, e o ESG ajuda sem esquecer que as empresas precisam lucrar. 

Esperamos poder ter colaborado com um pouco de conhecimento. 

 

Até a próxima. 

Daniel Alves Pereira

Publicitário com experiência em redação, copywriting e otimização para mecanismos de busca (SEO).

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