A leitura de dados é uma atividade presente nos bastidores de todos os bons planos de gestão. Saber usar as informações pertinentes para a construção de uma estratégia de negócio e mesmo para o acompanhamento dos processos é uma habilidade inerente a todo profissional que busca a excelência organizacional. Nesse sentido, surge o histograma, uma ferramenta que agrupa dados para deixá-los legíveis e mais compreensíveis.
Afinal, o que é um histograma?
O histograma é uma representação visual que mostra a frequência de uma variável X em relação a um conjunto de dados. A verdade é que tentar explicar o que é um histograma apenas com a definição, apesar de ser importante, pode não ser o caminho mais didático. Por isso, vamos exemplificar melhor:
Imagine uma fábrica que já há alguns meses tem notado desvios em alguns de seus lotes. Esses desvios são relevantes e perigosos porque representam uma ameaça à qualidade dos produtos, o que pode desagradar os clientes e, dependendo do desvio, causar outros problemas maiores.
A empresa, então, deseja fazer um estudo aprofundado sobre esses desvios, para aplicar em ferramentas de correção de erros, como a MASP. Dessa forma, seus gestores escolhem usar o histograma para verificar a frequência desse erro, considerando o número de lotes produzidos e o tempo monitorado.
Nesse sentido, é possível afirmar que o histograma é uma das ferramentas mais importantes para a gestão da qualidade nas empresas por todo o mundo. Esse tipo de gráfico é muito útil para identificar padrões e tendências, bem como para verificar a presença de anomalias nos dados.
Sendo assim, o histograma é um eficiente meio de gerar importantes dados comparativos, que poderão ser usados para a tomada de decisões nas empresas, principalmente nas que têm foco em gestão da qualidade. Além disso, essa é uma ótima ferramenta para conhecer a realidade do negócio, avaliar o desempenho e identificar os pontos que precisam passar por melhorias – visando alta performance de empresa.
Diferença do gráfico para o histograma
O conceito e a representação visual do histograma faz com que muitas pessoas se questionem sobre a diferença entre os dois. Apesar de serem semelhantes, o gráfico (especialmente o de barras) se diferencia por medir uma informação em específico, e não um grupo de dados.
Isso, na prática, quer dizer que o gráfico de barras pode medir absolutamente qualquer informação, sem que as séries se relacionem entre si. O histograma, por sua vez, trata de um grupo de informações dentro de uma certa série (que se tornam as barras na representação gráfica).
Os 3 elementos do histograma
Para entender melhor o que é um histograma e como ele se diferencia de um gráfico de barras comum, basta explorar os 3 elementos que formam um histograma:
- Classes: as classes são as barras, e indicam os grupos de informações que passarão pela análise.
- Amplitude: a amplitude se refere ao tamanho da barra, e serve para indicar o tamanho de cada classe.
- Frequência: a frequência, por sua vez, indica quantas vezes determinada classe aconteceu.
O histograma na gestão da qualidade
O histograma é uma ferramenta poderosa para as empresas que desejam construir uma gestão da qualidade. Sobretudo, ele é extremamente útil para as organizações que trabalham com processos produtivos, sendo especialmente usado no monitoramento de resultados e na elaboração de correções que buscam melhoria contínua.
A ferramenta pode ser usada em diversas áreas da empresa – desde as vendas, até atendimento ao cliente, recursos humanos e muitas outras. Sendo assim, o histograma também pode ser usado para a construção de outros sistemas de gestão que não, necessariamente, visam a área da qualidade.
Agora, criar um histograma, e usá-lo como ferramenta de gestão da qualidade, basta seguir os seguintes passos:
1 – Coleta de dados:
Aqui é o momento de colher os dados relevantes para a análise. É importante que os dados sejam precisos e representativos da realidade do processo ou do produto que está sendo avaliado, caso contrário, o resultado poderá não ser o mais assertivo.
2 – Classificação de dados
O segundo passo é classificar os dados em intervalos ou classes. Eles servem para que os valores sejam distribuídos de forma equilibrada. Assim, deve-se separar os dados colhidos em grupos menores que se relacionam entre si por uma característica em comum.
Uma das formas mais eficientes de fazer a separação dos dados em classes é usando a Regra de Sturges. Em resumo, a regra é uma fórmula matemática que determina o número ideal de classes de acordo com o tamanho da amostra.
3 – Construção do gráfico
O terceiro passo é a verdadeira mão na massa! Nesta etapa, os responsáveis pela elaboração do histograma devem fazer o gráfico referente representando cada classe por uma barra. Nesse sentido, vale lembrar que a altura da barra precisa corresponder à frequência da classe, ou seja, quantas vezes a situação analisada aconteceu em função de um determinado intervalo de tempo.
Para isso, é importante que as barras sigam uma lógica quanto ao tamanho. Por exemplo: se a classe A ocorreu mais vezes (maior frequência) que a classe B, a barra representativa da classe A não pode, de forma alguma, ser menor do que a barra da classe B. Esses erros, que podem ser de tamanho ou mesmo de espaço entre as barras, impede o gráfico de representar precisamente e distribuição dos dados e, consequentemente, a representação não fica tão intuitiva.
4 – Interpretação do gráfico
No penúltimo passo, faz-se a interpretação do gráfico, avaliando a forma da distribuição e identificando possíveis anomalias. É importante verificar se a distribuição é normal ou não, e se há valores extremos ou fora do padrão.
Essa interpretação, junto ao uso de outras ferramentas de correção de erros, permite avaliar as causas das anomalias e tomar medidas corretivas para melhorar a qualidade do processo ou do produto. Assim, essa é uma das partes mais importantes para se obter resultados.
5 – Ações em conformidade com o histograma
O último passo se resume na tomada de decisões com base na análise do histograma. As informações progressivas dispostas no gráfico tornam possível a tomada de medidas corretivas que melhoram a qualidade do processo ou do produto.
Se os dados mostram uma distribuição normal e dentro dos limites aceitáveis, é possível manter o processo ou o produto da forma como está. Contudo, se houver anomalias nos dados, é necessário avaliar as causas e tomar medidas para corrigir os problemas identificados.
Quando usar o histograma?
Diferentes situações dentro de uma empresa pedem o uso do histograma. Para ilustrar melhor o passo a passo de construção do histograma, vamos pensar na seguinte situação: uma organização está recebendo muitas reclamações sobre o atraso de um de seus serviços. Com isso, ela escolhe aplicar os 5 Porquês e chega a diferentes causas dos atrasos.
Nesse sentido, ela usa o histograma para entender qual das causas acontece com maior frequência e chega ao seguinte gráfico:
Histograma em exemplos
Exemplo 1: Uma empresa de manufatura mostra que há muitas peças defeituosas sendo produzidas. O histograma pode ser usado para avaliar as causas desse problema e, consequentemente, tomar medidas para corrigi-lo. Nesta situação, a solução pode ser treinar os funcionários para evitar erros na produção ou verificar a qualidade referente ao uso dos materiais.
Exemplo 2: A área de vendas de uma empresa pode usar o histograma para avaliar as reclamações dos clientes sobre um determinado produtivo. Assim, será possível avaliar as causas desses descontamentos e, então, tomar medidas para melhorar a qualidade do produto ou do atendimento ao cliente.
Leia mais: Ferramentas da Qualidade: Guia Completo para Excelência
As vantagens de aplicar o histograma
O histograma é uma ferramenta indispensável que permite a distribuição de uma variável em um conjunto de dados, de forma que seja possível avaliar a frequência com que cada valor ocorre. Assim, ele pode ser entedido como um tipo de gráfico de barras em que os valores são agrupados em classes e cada barra representa a frequência de valores dentro de cada classe.
Nesse sentido, o histograma é uma ferramenta de gestão da qualidade muito útil porque permite avaliar a distribuição dos dados e identificar tendências. Caso uma variável apresente uma distribuição normal, por exemplo, é possível verificar se a média e o desvio padrão estão dentro dos limites aceitáveis.
Do outro lado, caso os dados apresentem uma distribuição não normal, os responsáveis poderão avaliar a causa e identificar os pontos que precisam ser melhorados. Outra vantagem do histograma é que ele facilita a identificação anomalias nos dados, de forma que, se houver valores extremos ou fora do padrão, eles serão facilmente identificados no gráfico. Assim, a empresa conseguirá tomar medidas corretivas eficientes para melhorar a qualidade do processo ou do produto.
O histograma não trabalha sozinho!
Para não restar dúvidas, é importante destacar que o histograma não é uma ferramenta educativa e deve ser utilizado em conjunto com outras ferramentas de gestão da qualidade. Nesse sentido, um ótimo aliado dessa ferramenta é o Diagrama de Ishikawa, também conhecido como diagrama de causa e efeito, o Gráfico de Controle e o Plano de Ação.
Unidas dessa forma, essas ferramentas permitem uma análise mais completa e precisa do processo ou do produto, identificando as causas dos problemas e propondo soluções para melhorar a qualidade. Além disso, é importante que a análise do histograma seja realizada de forma sistemática e regular, para identificação de tendências e realização das ações preventivas antes que os problemas se agravem. Assim, a análise de dados deve ser uma prática constante nas empresas, para garantir a qualidade dos processos e produtos e a satisfação dos clientes.