É quase impossível pensar em um mundo totalmente sem energia. Poucas horas sem o recurso pode ser o causador de inúmeros prejuízos para diversas empresas – especialmente as que trabalham na fabricação de produtos. Mas, de qualquer forma, todas as organizações precisam de energia para executarem seus processos. Nesse sentido, a ISO 5001 auxilia empresas no alcance de eficiência energética, se preocupando com o impacto, a conservação e a melhoria de resultados.
O que é ISO 50001?
A ISO 50001 é uma norma de certificação para a padronização do processo de gerenciamento de energia de uma organização. Nesse sentido, entre seus principais objetivos, está melhorar a relação da empresa com o meio ambiente, de forma a garantir que ela passe a fazer um uso consciente da energia, reduzindo emissões de gases e realizando estratégias para de eficiência energética e, assim, otimizando os recursos em geral.
No Brasil, a norma foi publicada pela ABNT em 2011, com uma atualização em 2015. Essa última versão foi renovada para que a norma se adequasse à aplicação de outros sistemas de gestão da ISO, além de atender a fórmula do ciclo PDCA. Como a ISO 50001 é uma norma certificadora, a ISO publicou outras normas relacionadas à gestão de energia, como a ISO 50002, a ISO 50003, a ISO 50004, a ISO 50006 e a ISO 50015 que ajudam as empresas nos requisitos da certificação.
Ademais, vale mencionar que a ISO 50001 determina requisitos para a criação e a manutenção de um sistema de gestão de energia. Dessa forma, com base no modelo de melhoria contínua, a norma direciona a empresas no desenvolvimento de uma política de eficiência energética, na criação de metas e objetivos para a política, na análise de dados para melhores decisões sobre o uso da energia, na medição de resultados, na revisão do funcionamento do plano de ação e na melhoria contínua da gestão de energia.
Quais empresas podem se certificar?
A norma ISO 50001 diz respeito à gestão de energia que visa implementar eficiência energética em indústrias, empresas em geral e todo e qualquer tipo de instalação comercial. Dessa forma, toda e qualquer empresa que faça uso de energia pode se certificar com a ISO 50001. Algumas organizações grandes, como a Coca-Cola, a Baxter e a L’Oréal, já estão em conformidade com essa norma.
Nesse sentido, torna-se evidente que a norma possui uma grande importância no que tange à gestão de energia e sua aplicação é ainda mais recomendada para indústrias e instalações comerciais. De toda maneira, a contextualização com a realidade da empresa é um dos principais e mais importantes requisitos na hora da implementação desta norma.
Como obter certificado ISO 50001?
Para obter o certificado ISO 50001 é preciso que a empresa desenvolva uma política e um sistema de gestão de energética adequado para o uso eficiente de energia. O objetivo é que esse sistema melhore consideravelmente a maneira como a organização consome energia, reduzindo os custos e a emissão de gases de efeito estufa.
O primeiro passo para se certificar com a ISO 50001 é adquirir a norma pelo site da ABNT e procurar uma empresa de consultoria especializada em gestão energética. Feito isso, o próximo passo é formar uma equipe interna que irá trabalhar nesse sistema de gestão de energia. O time deve ser diverso, contendo diferentes áreas de atuação e diferentes níveis hierárquicos.
Nesse sentido, a equipe deverá analisar o sistema de energia atual com os requisitos da ISO 50001, determinando o que deve ser mudado e o que já está em conformidade com a norma. Assim, a organização deve saber qual seu objetivo, e como e em quanto tempo ele pode ser alcançado.
Seguindo todos os passos, a empresa pode fazer uma auditoria interna para verificar as conformidades e, se tudo estiver certo, agendar uma auditoria externa com uma certificadora autorizada. A auditoria de certificação costuma ter duas fases e o certificado dura 3 anos. Os custos, por sua vez, variam de empresa para empresa.
Como implementar a ISO 50001?
A norma elabora sobre todos os requisitos necessários para o desenvolvimento de um sistema de energia que pensa em uso sustentável dos recursos energéticos. Nesse sentido, ela considera como essenciais em sua implementação os seguintes itens:
1. Política energética
A política energética é o ponto de partida para a elaboração de um sistema de energia. É imprescindível que a organização tenha definido quais são seus objetivos, de forma que eles estejam alinhados com a Alta Gestão.
Dessa forma, todos os aspectos do uso de energia devem ter cobertura. Assim, é feita uma definição de todas as áreas afetadas, um detalhamento dos recursos usados e os necessários para as metas, uma descrição de todas as informações referentes ao projeto e a descrição dos aspectos de uso de energia contextuais à empresa em questão.
2. Planejamento
O planejamento deve conter a análise do uso de energia atual e os objetivos esperados após o desenvolvimento de um sistema de gestão em conformidade com a ISO 50001. Nesse sentido, analisa-se as áreas com potenciais melhorias de economia e faz a definição das pessoas envolvidas e de suas responsabilidades. Importante considerar também os requisitos legais e se certificar de que os objetivos são mensuráveis.
3. Implementação e operação
Para implementar o plano de ação estruturado no planejamento, a organização deve garantir a disponibilidade de todos os recursos necessários. Além disso, a equipe precisa passar por treinamentos que provém conhecimento sobre políticas energéticas, tecnologias de energia, influência do trabalho na energia e outros. Nesse sentido, é importante o desenvolvimento de uma comunicação interna e externa e todos os processos devem ser documentados.
4. Inconformidades, verificação e ação corretiva
Durante a prática do plano de ação, os envolvidos devem fazer a análise para garantir que os processos atingem os objetivos esperados. Dessa forma, a performance do sistema de energia precisa de monitoramento, mensuração e avaliação. A meta geral é que essa análise leve em consideração o perfil energético, verifique se os processos estão sendo sustentáveis e estão economizando energia e os alvos dos planos de ação estão sendo assertados.
5. Ação corretiva e preventiva
Uma vez analisados os pontos de melhoria nos processos energéticos, a organização deve elaborar um plano de ação corretivo e preventivo. Esse plano de ação deve adequar o sistema de energia para ele atingir os objetivos esperados.
6. Auditoria interna e revisão da direção
As auditorias internas, realizadas periodicamente, devem pensar na implementação de programas de energia que pensem em sustentabilidade, levantar possibilidades de melhorias e capacitar as equipes responsáveis.
Já a revisão da direção deve abranger política energética, performance energética, avaliar o cumprimento de objetivos e métricas, avaliar a conformidade com requisitos legais e acompanhar o status das ações preventivas e corretivas.
Ciclo PDCA e a ISO 50001
A norma ISO 50001 é adequada para que seus requisitos sejam atendidos através do Ciclo PDCA. Essa metodologia é dividia em quatro etapas: planejar, fazer, checar e agir. Nesse sentido, as fases de implementação da ISO 50001 podem ser divididas em cada uma das etapas do Ciclo PDCA, dessa forma:
1. Planejar
A fase de planejamento se desenvolve pela elaboração de uma revisão energética com os pontos de melhoria. Além disso, devem ser definidos um plano de ação referente a elaboração do sistema de energia, a política energética, a linha de base energética, as metas e os objetivos estratégicos e operacionais e os indicadores de desempenho energético.
2. Fazer
Com todo o planejamento executado, chegou a hora de colocar o plano de ação em prática. Nesse momento, as empresas devem, sobretudo, focar na criação de documentação. Absolutamente todas as etapas, processos e operações devem ser documentados. Ademais, as organizações devem precisam elaborar seus processos de otimização e implementar a medição e o monitoramento de suas atividades energéticas.
3. Checar
Quando o plano de ação já estiver em pleno funcionamento, a organização deve voltar sua energia para a checagem. Nesse caso, é feita a verificação dos processos e do uso de energia a partir de uma auditoria interna. Com os pontos de melhoria avaliados, a empresa precisa fazer a revisão dos componentes do sistema de energia visando sua política energéticas e suas metas e objetivos.
4. Agir
A etapa de ação se refere a elaboração e a prática de planos de ação corretivos, que adequem as irregularidades encontradas na etapa de checagem. Nesse sentido, as empresas garantem melhoria contínua, revisam seu gerenciamento e, assim, tomam decisões que ajustem suas metas e sua política energética.
Leia também: Ciclo PDCA: O Caminho para Melhoria Contínua nas Empresas
Objetivos e vantagens da ISO 50001
Pensar em eficiência energética é um dos pontos principais para as empresas que desejam ter uma atuação mais sustentável, com menores custos e mais assertivas. Além disso, obter a ISO 50001 é, também, uma forma de pensar no crescimento de um negócio, principalmente porque ela constrói uma imagem que poderá gerar bons frutos com os stakeholders dessa empresa.
Assim, os principais objetivos da ISO 50001 são:
- Proporcionar estratégias para a empresa utilizar de maneira mais assertiva os seus recursos de consumo de energia;
- Valorizar o uso de novas tecnologias que auxiliem no consumo consciente;
- Promover a criação de novos projetos de redução de emissão de gases;
- Promover a integração com outros setores e outras gestões, como a relacionada com o meio ambiente, com a saúde e com a segurança;
- Gerar credibilidade à empresa quanto sua preocupação com o meio ambiente, garantindo sua firmeza no compromisso com a redução do consumo de energia.
Dessa forma, se o desejo da organização é agir com seriedade em seu negócio e ainda ser um diferencial dentro do mercado, obter a certificação ISO 50001 pode ser um bom caminho para alcançar o sucesso que empresa deseja.
